Em um mundo globalizado e dinâmico, onde incertezas econômicas, políticas e tecnológicas estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia, as empresas precisam ser ágeis e eficazes na identificação, monitoramento e na mitigação de riscos corporativos. Embora essa seja uma tarefa complexa, o avanço da Inteligência Artificial (IA) tem automatizado processos e trazendo mais rapidez e eficiência para diversas etapas. Com o suporte da IA, as organizações ampliam sua capacidade de identificar vulnerabilidades e implementar ações corretivas de forma mais ágil e assertiva, fortalecendo sua resiliência e competitividade no mercado.
A identificação de riscos, antes baseada exclusivamente na experiência e no conhecimento humano, ganha agora um novo patamar com o suporte da IA. Isso porque a Inteligência Artificial é capaz de processar grandes volumes de dados em tempo real, analisando informações de diversas fontes, como registros financeiros, transações, interações com clientes e comportamento de fornecedores. Utilizando técnicas de machine learning (aprendizado de máquina) e processamento de linguagem natural (PLN), esses sistemas identificam padrões, projetam cenários e destacam riscos potenciais antes que se tornem problemas reais.
No monitoramento de riscos a IA também se tornou essencial. Enquanto abordagens tradicionais dependem de auditorias periódicas e relatórios estáticos, a inteligência artificial permite uma vigilância contínua em tempo real. Com essa tecnologia, é possível monitorar constantemente a saúde financeira de uma organização, analisando indicadores como fluxo de caixa, endividamento e rentabilidade. Além disso, sistemas baseados em IA podem emitir alertas automáticos sobre quedas de receita ou aumento de dívidas, permitindo que os gestores tomem decisões rápidas e bem fundamentadas para mitigar riscos. Outro diferencial está na capacidade de acompanhar tendências de mercado, mudanças regulatórias e outros fatores externos, identificando riscos reputacionais antes que eles impactem a organização.
Quando se trata de mitigação de riscos, a Inteligência Artificial vai além da identificação de problemas, ela também sugere e em alguns casos, implementa soluções. Ao integrar IA às suas operações, as empresas podem adotar uma abordagem proativa, antecipando e mitigando riscos antes que eles se concretizem.
No caso de riscos operacionais, a IA pode otimizar processos e prevenir falhas. Algoritmos de aprendizado de máquina preveem, por exemplo, a necessidade de manutenção de equipamentos e maquinário, reduzindo as chances de falhas inesperadas e evitando paralisações na produção. Já em relação a riscos financeiros, os sistemas inteligentes podem sugerir ajustes no orçamento, prever flutuações nos mercados financeiros e até mesmo recomendar mudanças nas estratégias de investimento. Nos riscos reputacionais a IA avalia em tempo real a percepção do público em relação à marca, analisando dados de redes sociais, avaliações de clientes, notícias e outros canais — identificando rapidamente tendências negativas que possam afetar a imagem da empresa e permitindo respostas imediatas.
Apesar dos benefícios, a implementação da IA na gestão de riscos corporativos também impõe desafios, como a preocupação com a privacidade e segurança das informações. Além disso, a IA ainda depende de algoritmos desenvolvidos por seres humanos, o que significa que pode estar sujeita a vieses e erros, fatores que impactam diretamente a precisão das análises e recomendações.
Para que a IA gere resultados eficazes na gestão de riscos corporativos, é essencial que as organizações adotem uma abordagem cuidadosa e ética ao implementar esses sistemas. Isso inclui contratar especialistas que não apenas forneçam um sistema eficiente, mas também garantam suporte contínuo e diretrizes claras para seu uso.
Dessa forma, a IA pode ser aplicada de maneira responsável, alinhada aos princípios de transparência, confiabilidade e governança corporativa, garantindo que a tecnologia seja, de fato, uma aliada estratégica na mitigação de riscos.
Claudinei Elias, especialista em Governança, Gestão de Riscos e Cibersegurança da Ambipar.