Governança, lucro e eficiência operacional: os novos paradigmas das ONGs

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Todos sabemos da importância e dos desafios enfrentados pelo terceiro setor em nosso país para desempenhar o seu papel na busca por soluções para problemas que vão da área social até a promoção da educação; saúde ou direitos passando pela colocação no mercado de trabalho de jovens provenientes de comunidades com baixa renda ou assistência humanitária.

Com atuação não governamental – origem da denominação Organização não Governamental ou ONG – as instituições do terceiro setor são ditas sem fins lucrativos e têm missão social específica em áreas onde existem necessidades não atendidas ou insuficientemente atendidas pelo Estado, ou mesmo pelo setor privado.

Hoje, para que as ONGs possam ser sustentáveis e maximizem o impacto de suas atividades na sociedade, é necessário alternativas às fontes tradicionais de financiamento, como doações ou subsídios governamentais. Mais do que isso, é necessário criar modelos de negócios sociais e desenvolver iniciativas de geração de receita para que possam, sim, garantir a sustentabilidade financeira. E é neste cenário que os conceitos de lucro e eficiência operacional têm se mostrado como novos paradigmas para essas organizações.

As organizações sem fins lucrativos não buscam o lucro como objetivo de sua existência e muito menos têm por finalidade distribui-lo entre acionistas como no primeiro e segundo setores. Mas isso não significa que elas não possam e não tenham a obrigação de gerar excedentes financeiros. "Sem fins lucrativos" não "condena" uma a organização a não ter lucro, mas sim seguir o princípio de reinvestir esses excedentes na própria organização, e assim, cumprir sua missão e fortalecer suas atividades, maximizando o impacto de suas ações. Este tema é ainda um tabu em nosso país e pode ser um tópico sensível, mesmo considerando que ele é de fundamental importância para a independência, sustentabilidade e perenidade destas organizações.

Os modelos de negócios de boa parte das organizações do terceiro setor ainda são baseados em voluntariado e com recursos limitados.  Sejam eles financeiros, humanos ou materiais. Por outro lado, para que possam ser sustentáveis, e isto só é possível se tiverem processos internos eficientes, utilizarem tecnologias adequadas, gerenciarem os seus projetos de maneira estratégica e monitorarem seu desempenho. Um planejamento estratégico consistente que considere o investimento na eficiência operacional é também um paradigma a ser quebrado no nosso terceiro setor. Equilibrar fontes de receita com custos operacionais que permitam gerar recursos para construir uma estrutura eficiente é a única forma de termos ONGs sustentáveis.

Finalmente, é importante mencionar que as práticas de governança são fundamentais para os resultados e eficácia das organizações no terceiro setor. Não somente para participar dos programas governamentais, mas para garantir que sejam longevas e sustentáveis. É importante considerar que para uma governança eficaz, é necessária uma liderança forte e comprometida, suportada por uma estrutura organizacional adequada, com papéis e responsabilidades bem definidos e apoiada por comitês ou conselhos, responsáveis pela formulação de políticas e procedimentos internos que garantam a sua sustentabilidade e transparência.

Dentre as muitas fragilidades que afetam a eficiência e sustentabilidade das organizações do terceiro setor, as mais comuns são a dependência de recursos financeiros – doações, subsídios governamentais ou financiamento externo-, escassez de recursos humanos, processos e tecnologias defasados e ineficientes e sustentabilidade financeira. Para superá-las, é preciso quebrar paradigmas. E rápido!

Enio Klein, influenciador e especialista em vendas, experiência do cliente e ambientes colaborativos com foco na melhoria do desempenho das empresas a partir do trabalho em equipe e colaboração. CEo da Doxa Advisers e professor de Pós-Graduação.

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