Após o fechamento de mais um trimestre com perdas, a Alcatel-Lucent afastou nesta terça, 29, o presidente do conselho, Serge Tchuruk, e a presidente-executiva, Patricia F. Russo. De acordo com o informe de resultados referente ao segundo trimestre, a perda líquida da companhia atingiu 1,1 bilhão de euros. Patrícia deixará a companhia antes do fim do ano, e Tchuruk sairá em 1º de outubro.
A perda líquida no trimestre – que equivale a US$ 1,7 bilhão – foi maior do que os analistas esperavam, e ultrapassou os 586 milhões de euros de perda no período de abril a junho do ano passado. Ela foi resultado, em grande parte, do prejuízo de 810 milhões de euros (US$ 1,27 bilhão) com o negócio de CDMA na América do Norte.
Em declaração a reportagem da versão on-line do jornal americano New York Times, uma pessoa próxima à empresa, que pediu para não ser identificada, disse que os investidores estavam cada vez mais impacientes com a gestão da companhia. A Alcatel-Lucent não registra lucro desde que houve a fusão em novembro de 2006. As ações combinadas das duas companhias, na Bolsa de Paris, estacionaram em 3,77 euros (US$ 5,93), uma queda de mais de 60% no ano passado, o que dá à empresa um valor de mercado de cerca de 8,9 bilhões de euros (US$ 14 bilhões).
Junto com o anúncio da saída dos dois principais executivos, a Alcatel-Lucent informou que irá promover uma ampla reestruturação, que inclui a redução do seu conselho de administração, além da demissão imediata da B. Henry Schacht, ex-CEO da Lucent Technologies. A mudança no comando "abrirá caminho para uma governança plenamente alinhada ao modelo de gestão que a companhia pretende implantar daqui para frente", disse a empresa em comunicado. Russo permanecerá no cargo até que seja encontrado um sucessor.
Ela e Tchuruk conduziram a fusão das duas empresas há dois anos. "A fusão está numa outra fase", disse ele, em declaração à imprensa. "Orgulho-me de a Alcatel-Lucent ter se tornado líder mundial em uma tecnologia que está transformando a nossa sociedade. É tempo agora de a empresa adquirir uma personalidade própria, independente de suas duas antecessoras. O board deve evoluir e o presidente deve dar o primeiro exemplo, o que tomei a decisão de fazer."
Na mesma declaração, Patrícia disse estar satisfeita com o progresso da empresa, mas que era o momento certo de se demitir. "A empresa irá se beneficiar de uma nova liderança, alinhada com o recém-constituído conselho de administração, para trazer uma nova perspectiva para seu próximo nível de crescimento e desenvolvimento", disse ela.