O Projeto Computadores para Inclusão já doou 6.327 equipamentos a 502 iniciativas de inclusão digital de todo o país entre escolas públicas, bibliotecas e telecentros. Nos Centros de Recondicionamento de Computadores (CRCs) trabalham atualmente 410 jovens que estão aprendendo na prática a testar, consertar, limpar, configurar e embalar os equipamentos. Outros 684 jovens também foram formados pelo projeto iniciado em 2006.
Os resultados foram apresentados pelo secretário adjunto de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Rodrigo Assumpção, durante o Congresso Internacional Sociedade e Governo Eletrônico (Consegi 2008), que terminou nesta sexta-feira, 29, em Brasília.
O Projeto Computadores para Inclusão consiste numa rede nacional de reaproveitamento de equipamentos de informática, formação profissional e inclusão digital. Estão em funcionamento atualmente quatro centros nas cidades de Porto Alegre, Gama (DF), Guarulhos e Belo Horizonte, em parceria com entidades locais.
Conforme Assumpção, a iniciativa integra a política de inclusão digital do governo federal e desempenha um importante papel na formação de jovens em situação de vulnerabilidade social, já que os centros são instalados em regiões periféricas das grandes cidades. Ele disse que os CRCs também estão contribuindo para reduzir o lixo tecnológico já que o recondicionamento prolonga a vida útil dos equipamentos. Ele lembrou que o projeto já recebeu mais de 20 mil equipamentos usados para serem recuperados pelos centros de recondicionamento.
Para viabilizar o projeto, o governo estabelece parcerias com instituições locais que se responsabilizam pela manutenção e funcionamento das unidades. Também conta com diversos parceiros entre ministérios, fundações, empresas públicas, entre outros.
Desafios da inclusão digital
A universalização das infra-estruturas de tecnologia da informação e de telecomunicações e a capacitação dos agentes que atuam na ponta são centrais para a inclusão digital no país. Esse foi o foco do painel sobre a construção de uma proposta de política pública de inclusão digital realizado na quinta-feira no Consegi. Beatriz Tibiriçá, da ONG Coletivo Digital, falou sobre os novos desafios da inclusão digital no Brasil e disse que, se por um lado preciso dotar o país de infra-estrutura de TI, de outro preciso promover cidadania e desenvolvimento local.
O diretor de Planejamento e Estratégia da Rede de Informação para o Terceiro Setor (RITS), Carlos Afonso, criticou o monopólio das empresas de telefonia no país que, na opinião dele, é responsável pelo alto custo da banda larga e pela ausência da prestação desse serviço em inúmeros municípios brasileiros. Ele defendeu que o estado deve assumir a responsabilidade de prover essa infra-estrutura. "São tecnologias essenciais para assegurar o direito à comunicação", salientou.
Segundo o diretor do Departamento de Serviços de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Heliomar Medeiros de Lima, 2,2 mil municípios brasileiros não dispunham de telefonia celular e mais de 3 mil municípios não dispunham de ADSL no ano passado. Ele destacou ainda, o papel do Programa Gesac no processo de inclusão digital e informou que essa iniciativa possui 3.570 pontos de presença em 2.215 municípios do país.
Assumpção, do SLTI, destacou a importância de ampliar a conexão das escolas públicas, o que será garantido pelo Programa Banda Larga nas Escolas que vai levar essa tecnologia a cerca de 38 milhões de alunos até 2010. Ele disse que o percentual das pessoas que nunca acessaram a internet, segundo a pesquisa TIC Domicílios, caiu de 66,7% em 2006 para 59% em 2007. Mas que continua uma tarefa urgente reduzir ainda mais esses percentuais para permitir a inclusão dos cidadãos na sociedade da informação.