Mulheres serão as mais afetadas pela Inteligência Artificial. Como evitar esse impacto?

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A revolução da Inteligência Artificial (IA) está reconfigurando o mercado de trabalho em um ritmo acelerado, e os dados são alarmantes: estima-se que 80% das mulheres ocupam empregos que estarão na linha de frente da automação pela IA, em comparação com 58% dos homens. Esse cenário destaca uma diferença crítica de gênero que, se não abordada, poderá acentuar ainda mais as desigualdades existentes no ambiente profissional. O impacto será maior para as mulheres, que estão em posições mais vulneráveis à substituição por máquinas e algoritmos.

Essa discrepância é agravada por uma questão comportamental e de acesso ao conhecimento. Estatísticas divulgadas pelo Fórum Econômico Mundial mostram que apenas 51% das mulheres utilizam ferramentas de IA gerativa semanalmente, enquanto 59% dos homens já incorporaram essa prática em suas rotinas. Essa diferença é ainda mais acentuada entre os jovens, o que sugere que as futuras gerações de mulheres podem ficar ainda mais defasadas se não houver uma mudança significativa. O baixo engajamento feminino com IA é preocupante, pois pode deixar as mulheres em desvantagem competitiva em um mercado de trabalho que cada vez mais valoriza a familiaridade com a tecnologia.

Profissões tradicionalmente ocupadas por mulheres, como atendimento ao cliente, saúde e educação, estão entre as mais ameaçadas pela automação. No entanto, o risco não está apenas na substituição direta por máquinas, mas também na substituição por indivíduos que dominam a tecnologia. Com o atual domínio masculino na área de IA, existe um risco real de que os homens acabem preenchendo esses papéis, deixando as mulheres ainda mais marginalizadas no mercado de trabalho. A adaptação e o aprendizado de novas habilidades são, portanto, essenciais para que as mulheres possam competir de igual para igual em um cenário cada vez mais automatizado.

Apesar do cenário desafiador, há uma oportunidade escondida para as mulheres. Aquelas que buscarem ativamente aprender e aplicar IA em suas áreas de atuação podem não apenas proteger suas carreiras, mas também se posicionar como líderes em um campo emergente. Ao se envolverem mais com a IA, as mulheres podem ajudar a moldar o futuro da tecnologia de uma forma que seja mais inclusiva e representativa. Isso inclui combater os vieses existentes que a IA pode perpetuar, garantindo que as ferramentas tecnológicas do futuro reflitam uma sociedade mais justa e equitativa.

Para evitar os impactos negativos da automação, é crucial que haja uma mobilização tanto individual quanto coletiva. As mulheres devem ser incentivadas a explorar a IA e outras tecnologias emergentes desde cedo, através de iniciativas educacionais que desmistifiquem essas áreas e as tornem mais acessíveis. Além disso, políticas públicas e programas corporativos precisam ser implementados para oferecer suporte e treinamento contínuo, permitindo que as mulheres desenvolvam as habilidades necessárias para prosperar em um mercado de trabalho em transformação.

Empresas também têm um papel fundamental nesse processo, ao promover a diversidade e inclusão em suas equipes de tecnologia. Ao garantir que mais mulheres estejam envolvidas no desenvolvimento de IA, as empresas não apenas fomentam a equidade, mas também se beneficiam de uma gama mais ampla de perspectivas, o que pode resultar em inovações mais robustas e adaptáveis. O sucesso de uma empresa no futuro estará diretamente ligado à sua capacidade de incorporar diferentes pontos de vista em suas estratégias tecnológicas.

À medida que a automação se torna uma realidade inevitável, o engajamento ativo com a tecnologia será essencial para garantir que as mulheres não fiquem para trás. A chave para evitar que as mulheres sejam deixadas de lado em um futuro dominado pela IA reside na educação, na inclusão e na conscientização sobre a importância de se adaptar às mudanças tecnológicas. Só assim será possível construir um futuro onde a automação

Danilo Gato, consultor especialista em Inteligência Artificial Generativa com foco em aplicações práticas para o mercado de trabalho e professor de Inteligência Artificial Generativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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