Crise financeira global já traz reflexos para empresas indianas de outsourcing

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Até alguns meses atrás, a maioria das empresas indianas de terceirização não classificariam os bancos Lehman Brothers, Merrill Lynch ou AIG como clientes de alto risco. Agora, com o aprofundamento da crise financeira global, em decorrência do colapso do sistema financeiro norte-americano, elas não pensam mais assim, e a maioria vem procurando distanciar-se cada vez mais dessas instituições, em especial do Lehman Brothers, evitando inclusive comentar sobre o relacionamento com esses clientes.

"Estamos muito preocupados com os recentes desdobramentos da crise no sector bancário e instituições financeiras nos Estados Unidos", disse em comunicado na semana passada a Satyam Computer Services, quarta maior empresa indiana de terceirização de serviços de TI, em vendas. "No entanto, o episódio da quebra do Lehman Brothers não terá qualquer impacto sobre a Satyam. Embora seja um cliente nosso, eles contribuem com uma porção muito pequena da nossa receita", enfatizou a empresa na nota.

Já a HCL, quinta empresa indiana de outsourcing, disse, também em comunicado à imprensa, "tratar essas empresas como um negócio comum". A gigante Tata Consultancy Services (TCS), braço de TI do grupo indiano Tata, e a Infosys Technologies disseram à reportagem do jornal britânico Financial Times que não podiam comentar sobre clientes individuais. A Wipro, por sua vez, a número três no segmento de terceirização indiano, admitiu que o Lehman era um de seus clientes, mas ressaltou que sua falência não teria um impacto significativo nas receitas das empresas.

Embora procurem minimizar os efeitos da crise global, a lenta evolução de uma possível solução, principalmente a rejeição pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, do plano de resgate de US$ 700 bilhões proposto pelo presidente George W. Bush, assustou e fez acender o sinal de alerta para as empresas indianas terceirização, que têm no setor financeiro global cerca de 40% de seus negócios, de acordo com analistas.

Segundo o Financial Times, ainda que tentem amenizar o impacto da crise sobre seus negócios, sob a alegação de que o cancelamento de novos projetos está sendo compensado por alguns de seus principais clientes, têm fechado grandes contratos, os reflexos são inevitáveis.

O vice-presidente de pesquisa da Gartner Índia, Partha Iyengar, disse que mais empresas se encontravam nos "modos de espera e observação". "Se não houve mais nenhum cataclismo, na mesma escala de um Lehman Brothers, a julgar pelos abalos anteriores no mercado, há a possibilidade de haver um aumento na terceirização de clientes que necessitam cortar custos. Mas, se houver outro desastre dessa magnitude, os prognósticos serão ainda piores."

Hardik Shah, analista da corretora Asit C Mehta, ainda mantém a previsão de crescimento das receitas em dólar da Infosys de até 22% e da TCS de até 21% até o fim do ano fiscal da empresa, que termina em março de 2009. Um fator que poderia atenuar a desaceleração da indústria de outsourcing indiana, segundo ele, seria haver uma desvalorização da rúpia em relação ao dólar, o que impulsionaria a maior parte das receitas com exportações e serviços offshore, além de ajudar a manter as margens locais.

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