Empresa propõe um modelo disruptivo para monetização de dados

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A autodeterminação informativa, que é o poder do indivíduo de decidir por si mesmo, quando e sob quais limites as informações sobre sua vida privada podem ser comunicadas a terceiros, é um dos princípios pontos cardeais da proteção de dados. Muito embora leis de proteção de dados tenham, ao longo dos anos, tentado dar efetividade à autodeterminação informativa, essa busca tem sido elusiva, para dizer o mínimo.

Recentemente, as novas tecnologias e processos de negócios, têm aberto a possibilidade de criação de carteiras de dados e redes de bases de dados cujo objetivo é dar ao titular de dados poder real e econômico sobre as informações que lhes digam respeito.

André Vellozo, CEO e Founder da DrumWave, empresa que trabalha com a propriedade dos dados, fala  em sua apresentação durante a quinta edição do Data Protection Forum, nesta terça-feira, 27,n sobre a relação das pessoas com seus próprios dados.  "A transformação digital e a monetização de dados vão transformar a tecnologia em si, quanto de energia se gasta para transformar informação em dados e dados em informação e quanto de valor se gera com isso?", perguntou Vellozo.

Segundo ele, estamos vivendo agora uma mudança de paradigma da era dos softwares para a era dos dados e isso irá acontecer quanto os dados estiverem na ponta dos dedos das pessoas. "Nos próximos 10 anos, o PIB mundial irá alcançar 1 quatrilhão de dólares e para que haja a inclusão de todas pessoas do planeta nessa mudança, será quando houver a colisão de dois grandes ciclos dos negócios as big techs e as big finances, foco central será consumidor e consequentemente os seus dados", exemplificou.

A DrumWave começou como um serviço de score e certificação de dados para empresas. Em outras palavras, os clientes pagam à DrumWave para ela avaliar, precificar e certificar a origem e natureza dos dados que coletam dos clientes.

A startup está criando um modelo de monetização de dados, colocando em uma plataforma onde tanto o consumidor quanto a empresa que se relacionou com ele podem vendê-los.  "Queremos criar uma economia de dados  por meio de  uma série de ferramentas que vão permitir às empresas criar 'data apps', onde o consumidor vai poder entrar e vender os dados gerados pela relação dele com uma determinada empresa.", explicou.

Na prática, o app vai dar opções ao consumidor: vender os dados; contribuir com dados para causas em que acredita; e até pagar por produtos e serviços usando os dados como moeda.

"Na  dWallet  (aplicativo desenvolvido pela empresa para compilar as informações)  o usuário vai  receber, enviar, aceitar ou rejeitar ofertas," disse Vellozo. "Estas ofertas são todas indexadas e direcionadas, e se baseiam num registro que é como um domínio na web e que permite que as ofertas certas cheguem aos usuários certos",  disse.

Trata-se de uma  percepção de valor que os dados representam num modelo de negócios, mas que tem potencial para movimentar globalmente US$ 1,8 trilhão no longo prazo. Como disse, monetizar dados na sua visão é dar visibilidade, poder, empoderar para as pessoas.  "O data ownership tem relação com a privacidade, com a prevenção de fraudes. Tudo é uma questão financeira  e porque não tomar posse de seus próprios dados?", questiona.

Um consumidor gera muitos dados ao acessar um site ou aplicativo de loja de roupas: que tipo de produtos pesquisa, tamanho, quantas vezes compra etc. A mesma coisa se repete na relação com bancos, farmácias, academias, entre outros, gerando informações que são úteis para que outras empresas possam desenvolver ou aperfeiçoar produtos e serviços, captar tendências de mercado, realizar customizações e por aí vai.

"As pessoas vão passar a vender esses dados porque vão saber que isso tem valor. Claro que  isso envolve uma mudança de cultura, já que  é um mercado que ainda não existe", disse.

O serviço está previsto na LGPD  que resumidamente diz que  as pessoas são as verdadeiras donas dos dados. Segundo informou Vellozo, a carteira digital da Drumwave aparecerá dentro de aplicativos de companhias que tenham uma quantidade relevante de clientes, de modo a massificar os conteúdos, tais como empresas de telecomunicações e bancos, por exemplo.

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