É indiscutível que um futuro melhor é aquele mais inclusivo, diverso e equitativo, logo, ele é resultado das ações que empregamos hoje. Portanto, é indispensável que a inclusão, a diversidade e a equidade estejam no centro das prioridades das organizações.
Segundo dados da pesquisa "Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil", divulgada recentemente pelo IBGE, 37,4% dos cargos corporativos de liderança são ocupados por mulheres, o que leva o Fórum Econômico Mundial a estimar que devemos levar cerca de 136 anos para atingir a equidade de gênero.
"Em se tratando de cargos de liderança, os índices de mulheres atuantes ainda se mantêm abaixo dos 50%. As empresas precisam entender que é preciso investir urgentemente em políticas de diversidade e equidade. É preciso ter consciência de que investir em liderança feminina não deve ser uma ação protocolar com o intuito de apenas equiparar estatísticas. É preciso valorizar o potencial das mulheres, pois podemos causar impactos reais nos negócios com muita inovação, engajamento e representatividade", desabafa a founder e CEO da Women Leadership, Isa Quartarolli, startup de educação que promove eventos, bootcamps, cursos, conteúdos e networking para incentivar a liderança feminina na nova economia.
O apontamento da empresária condiz com a realidade. É preciso incorporar valores e gerar ações em prol da diversidade e equidade, pois assim teremos um ambiente propício para o surgimento das melhores ideias e soluções dos problemas complexos de um mundo em mudança e cada vez mais diverso.
Este é o anseio de muitas mulheres, principalmente aquelas que atuam em áreas que sempre foram dominadas pelos homens, como o de tecnologia. Segundo pesquisa recente, realizada pela Women Leadership em julho de 2022, a falta de políticas de diversidade e equidade é o que mais incomoda as mulheres.
Para 38% das mulheres, falta respaldo das empresas em ações que promovam políticas de diversidade e equidade. Para 20,7% das participantes, é preciso investimento em educação corporativa, seguido de 20,5% que acreditam que faltam discussões construtivas em torno da temática. Por fim, aproximadamente 20% das mulheres que responderam a pesquisa defendem a necessidade de se ter vagas exclusivas para mulheres.
A pesquisa contou com cerca 500 mulheres que participaram do evento "Elas lideram na tecnologia". O objetivo do levantamento é justamente ouvir essas mulheres que diariamente lutam por mais participação no mercado de tecnologia. Assim como é importante compartilhar conhecimento, é indispensável ouvir as dores dessas mulheres que seguem lutando por mais equidade dentro das empresas", conclui Isa.
A este respeito, o estudo também revelou um tímido avanço da ocupação das mulheres no departamento de tecnologia das empresas. Das 500 mulheres que responderam a pesquisa, 175 (35,1% das mulheres) declararam que a área em que trabalham dentro da empresa tem mais de 10 mulheres atuantes, o que mostra um avanço tímido, mas otimista, pois aponta que existem esforços sendo feitos para equiparar essa diferença de anos.
Por outro lado, segundo 192 mulheres (38,6%), o departamento de tecnologia em que atuam têm entre 1 a 3 mulheres. "Os números mostram a todo o momento que ainda existe muito trabalho a ser feito. As empresas precisam destinar esforços para, no mínimo, equiparar essa diferença que ainda é gritante. Por mais que tímidos avanços venham ocorrendo, não há como negar que as mulheres ainda são minorias no setor" ressalta Isa.
Muitos são os desafios a serem vencidos, e para quem ainda não se consolidou na área a luta é ainda maior. De acordo com 161 mulheres (32,3%), o que falta são oportunidades, sem contar o machismo (21,9%), que representa um grande desafio a ser vencido.
Como não poderia deixar de ser, incentivo e capacitação são ações que precisam ser tomadas dentro das organizações para que consigamos equiparar as diferenças. 34,9% das mulheres acreditam que é preciso mais incentivo e capacitação para promover a inclusão das mulheres no setor tecnológico, 26,1% acreditam que é preciso promover cargos de liderança focados na diversidade e 18,1% acreditam que promoção de políticas de equidade pode ser o caminho.
É fato que a área de tecnologia está em constante crescimento, as oportunidades são muitas, mas infelizmente ainda falta mais presença feminina no setor. A área de atuação ainda é predominantemente masculina e com pouco incentivo à qualificação feminina.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), até 2024, é estimada uma lacuna de 270 mil profissionais de TI, o que irá provocar uma perda de receita em torno de R$ 167 bilhões. Portanto, contar com a participação de mais mulheres é fundamental.
"Um ponto essencial é que as empresas precisam entender que equipes diversas geram soluções mais diversas e eficazes. Além disso, tem o potencial de proporcionar muito mais rentabilidade para o negócio. Portanto, incentivar a presença das mulheres na tecnologia é benéfico para todos os envolvidos", finaliza a CEO da Women Leadership.