O primeiro-ministro português, José Sócrates, defendeu nesta quarta-feira, 29, a criação de uma grande operadora luso-brasileira de telecomunicações para defender e promover a língua portuguesa no mundo e disse que a Portugal Telecom (PT) "está na Vivo para ficar". "Sim, acredito. Era mesmo isso a que me referia", afirmou José Sócrates, quando questionado sobre se defendia a criação de uma grande operadora luso-brasileira de telecomunicações e referindo-se a um discurso que proferiu minutos antes, durante a cerimônia de assinatura de um protocolo entre a Portugal Telecom e o governo da Bahia.
Ao dizer que notou a existência de uma "disputa" entre as principais línguas mundiais, Sócrates acrescentou que "é obrigação dos Estados promover a língua, o que se deve fazer também através de parcerias entre as empresas de telecomunicações." "A língua portuguesa é o mais importante ativo que temos, é o nosso maior patrimônio", afirmou ainda o primeiro-ministro, acrescentando que é responsabilidade de todos defender e promover o idioma.
Sem especificar se a criação dessa grande operadora deveria ocorrer através da consolidação de empresas ou mediante parcerias estratégicas entre as empresas do setor, Sócrates voltou a frisar a necessidade de criar uma empresa que possa competir com os grandes gigantes do setor a nível internacional.
Antes, durante a sua intervenção na cerimônia e discursando para uma platéia que incluía políticos e jornalistas brasileiros, Sócrates apelidou a Portugal Telecom de "jóia da coroa" entre as empresas nacionais, garantindo que a operadora, na qual o governo português mantém uma 'golden share' que lhe garante direitos especiais, "está na Vivo e no Brasil para ficar". "A responsabilidade é grande e começa nas telecomunicações", enfatizou o primeiro-ministro.
As declarações ocorrem num momento em que o futuro da parceria entre a PT e a Telefónica no controle da Vivo permanece incerto, uma vez que o apoio dos espanhóis à oferta pública de aquisição (OPA) da Sonaecom sobre a PT, em 2006, estremeceu a parceria entre as duas operadoras ibéricas a quase um casamento de conveniência. Tanto a PT como a Telefónica se recusam a vender a sua metade na Vivo, dizendo-se, ao contrário, compradoras.
As declarações de Sócrates representam um sinal claro de apoio público do governo português à recusa de vender a metade portuguesa da Vivo aos espanhóis, que tem sido defendida igualmente pelos acionistas que formam o chamado 'núcleo duro' da operadora.
Por outro lado, os analistas que acompanham o setor consideram que o novo grupo brasileiro de telecomunicações que vai nascer da fusão entre a Oi (ex-Telemar) e a Brasil Telecom poderia ser uma alternativa de investimento para a PT, através de uma troca de participações, um movimento que o governo brasileiro já adiantou ver com bons olhos.
Outro cenário possível será a eventual compra da TIM Brasil da Telecom Itália pela Telefónica, o que tem sido noticiado como uma operação possível pela imprensa italiana e que obrigaria os espanhóis a saírem da Vivo, abrindo caminho a tomada de controle por parte da PT. As informações são da Agência Lusa.
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