Nuvem, mobilidade, big data e mídias sociais nortearão a TI nos próximos anos, indica estudo

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Quatro grandes áreas — computação em nuvem, mobilidade, mídias sociais e big data — irão nortear o mercado de tecnologia da informação nos próximos anos que, além de concentrar os investimentos, mudarão a maneira de se fazer negócios, aponta o Gartner, com base em estudo divulgado nesta segunda-feira, 29.

“São quatro forças que devem ser entendidas como um conjunto, pois são interdependentes. Elas irão mudar drasticamente a estrutura de custos da TI que vai dominar a próxima era da computação”, explicou o vice-presidente sênior e líder global de pesquisa do Gartner, Peter Sondergaard, no Gartner Symposium, que acontece  nesta semana, em São Paulo.

Na análise em separado de cada uma das áreas, a computação em nuvem é tida como a infraestrutura para suportar as demais tecnologias. De acordo com Sondergaard, atualmente, 80% das empresas já utilizam software como serviço (SaaS, na sigla em inglês). Apesar do percentual elevado, ele diz ressalta que este é apenas o começo. “Os executivos estão no estágio inicial de entendimento da computação em nuvem. O que chama atenção são capacidades adicionais de escalonar a infraestrutura, com pagamentos apenas pela parte realmente utilizada. Mas a computação em nuvem permite muito além disso, não apenas redução de custos operacionais”, sublinhou.

Mobilidade

Segundo projeções do Gartner, em 2016, 40% da força de trabalho mundial utilizará diariamente dispositivos móveis para realizar suas tarefas. Dois anos depois, 70% dos trabalhadores de todo o mundo irão dispor de tablets ou dispositivos com características semelhantes para desempenhar suas funções.

“Hoje, a principal aplicação acontece nas equipes comerciais e na área de marketing. A companhia fica mais próxima do consumidor, os empregados ficam mais produtivos, os fluxos de trabalho reduzidos. A mobilidade muda as aplicações e como elas são entregues”, explica Sondergaard. Para ele, nos próximos anos, o uso de tablets e smartphones deve romper as fronteiras dessas equipes e abarcar a empresa como um todo.

Projeção da consultoria aponta para 39 bilhões de dispositivos móveis permanentemente conectados em 2020. Este número se eleva para 150 bilhões quando considerados os equipamentos ocasionalmente conectados. “Nos próximos três anos, teremos 300 bilhões de downloads anuais. Isso muda o comportamento das pessoas e as aplicações empresariais devem caminhar no mesmo sentido — soluções móveis, mais seguras e baratas”, afirma Sondergaard.

Social

“Muitos de vocês podem acreditar que as redes sociais atrapalham a produtividade. Nós acreditamos que as relações sociais tornam as pessoas mais produtivas, e que a TI deve endereçar as duas demandas como um todo”, pontuou Cassio Dreyfuss, vice-presidente de pesquisa do Gartner Brasil.

Para o executivo, as companhias devem utilizar a tecnologia para engajar seus funcionários no crescimento corporativo. “As capacidades sociais estarão cada vez mais ligadas às aplicações de negócios. Faço em concentrar conhecimentos em determinadas ferramentas, contar com a colaboração e participação de pessoas em diversas áreas para solucionar problemas, em trazer a inovação multidisciplinar, independentemente da área a qual o funcionário trabalha”, explica.

Big Data

Nesse cenário, com diversos dispositivos conectados e dados disponíveis a todo lugar amparados na computação em nuvem, somado à necessidade de trabalho em equipe, será necessário saber lidar com o número cada vez maior de informações disponíveis. “Um exemplo é que 85% das empresas de marketing irão terceirizar o manejo de dados. Há uma imensa oportunidade se você lidera uma empresa ou um departamento de TI, mas você precisa entender como lidar com dados híbridos, estruturados ou não”, defende Sondergaard.

Para ele, a companhia do futuro saberá como distinguir quais os dados podem ser aproveitados dentre aqueles que só atrapalham o reconhecimento de insights para o negócio. “E essas informações não estão apenas no departamento de TI. No início dos anos 2000, 20% dos investimentos de tecnologia estavam fora do departamento. Em 2020, 90% dos gastos com TI estarão fora da tecnologia da informação tradicional”, afirma o analista. Para ele, os orçamentos de tecnologia estão onde a informação se concentra, ou seja, nem sempre na área de tecnologia.

A consultoria ainda estima o surgimento de 4,4 milhões de empregos na área de TI até 2015 para dar suporte ao big data. Para cada vaga em TI, outras três posições em outros departamentos serão criadas. O grande problema, contudo, é que apenas um terço dessas posições será preenchida — o mercado mundial carece de mão de obra qualificada e formação profissional.

“Isso prova a falha de nosso sistema educacional como um todo”, relata Dreyfuss, sem deixar de criticar o governo brasileiro para endereçar os problemas a fim de evitar a saída de talentos do país para suprir a falta mundial. “O primeiro país a se preocupar com isso foi o México, criando iniciativas federais. Na América Latina, houve bons exemplos no Chile, Peru e Colômbia”, completa.

No cenário nacional, ele considera os recentes programas setoriais para formação profissional, como o TI Maior e o Ciência sem Fronteiras, “bons, porém, insuficientes”. O que falta, na visão de Dreyfuss, é uma integração ampla em um projeto nacional, completamente ignorados nessas iniciativas pontuais. “O Brasil não fez nada quanto a isso”, finaliza.

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