Projetos de inclusão digital no Nordeste são usados para promover inserção social

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Pirambú, uma favela da região metropolitana de Fortaleza com cerca de 350 mil moradores, e a região da baixada e dos lagos, no Maranhão, têm como característica em comum o baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e econômico. Mas projetos de inclusão digital desenvolvidos nessas localidades – o Projeto Pirambu Digital e o Projeto Telecentros Jovem Cidadão -, estão contribuindo para mudar essa realidade e oferecer oportunidades de inserção social para a sua população.

As duas iniciativas foram selecionadas pela Organização da 6ª Oficina para Inclusão Digital para serem apresentadas durante o evento, que se encerrou nesta quinta-feira (29/11), em Salvador.

O diretor de Gestão Estratégica do Projeto Pirambú Digital, Bruno Queiroz, contou que o Pirambú Digital, uma cooperativa formada por quatro empreendimentos na área de tecnologia da informação, desenvolve projetos de inclusão digital como uma espécie de condomínio, só que virtual. Para participar, o interessado paga uma mensalidade de R$ 35 durante dez meses por meio da qual se torna proprietário de um computador.

Além disso, ele passa a fazer parte de um condomínio virtual que agrega várias casas. Cada uma delas adquire uma antena receptora de sinal que deve compartilhar a conexão à internet com os vizinhos em uma rede local, promovendo assim o acesso à internet a baixo custo. O custo para ter o acesso à internet banda larga é de R$ 25 por mês. Atualmente, são cinco condomínios virtuais já instalados no bairro e já uma lista de espera com mais de 150 pessoas.

Entre outras iniciativas, o Pirambu Digital também desenvolve a biblioteca integrada à lan house que disponibiliza acesso à internet por uma determinada quantidade de horas proporcionais às horas de leitura na biblioteca. O objetivo é a inclusão digital a partir da inclusão social por meio da leitura.

O Projeto Jovem Cidadão é outra iniciativa de inclusão digital que está contribuindo para melhorar a realidade político-econômico e sócio-cultural de jovens maranhenses de baixa renda. Foram instalados 13 telecentros em dez municípios da região da baixada e dos lagos que de outubro de 2005, quando iniciou o projeto, até julho de 2007 já haviam atendido cerca de 7 mil visitantes.

O coordenador da organização não-governamental Formação, responsável pelo projeto, Fábio Cabral, contou que o Maranhão é o maior exportador de mão-de-obra escrava para outras regiões do país e que a ONG estava preocupada em resgatar a cidadania da população, especialmente das famílias afetadas por esse problema.

Assim começou a funcionar junto ao projeto a Rede de Jovens Comunicadores que atualmente conta com a participação de cerca de 200 jovens. Depois de receberem capacitação, os eles começaram a produzir seus próprios conteúdos e meios de comunicação. Hoje, eles têm programas em cinco rádios comunitárias, em cinco municípios diferentes, e criaram uma revista que em breve deve publicar sua sexta edição, e já começaram a produzir vídeos e outros materiais audiovisuais para serem exibidos nos três cineclubes criados pelo projeto.

A produção desses materiais ocorre nos próprios telecentros e o próximo desafio é a criação da rádio web que disponibilizará on-line conteúdos e programas produzidos pelos Jovens Comunicadores.

Experiências como essas ilustraram o debate sobre economia solidária que ocorreu durante o evento. A plenária contou com a participação do secretário nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, Paul Singer, do assessor do projeto Estação Digital da Fundação Banco do Brasil, Cláudio Brannand, e do coordenador do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Miguel Steffen.

Segundo Steffen, atualmente são mais de 21 mil empreendimentos de economia solidária que garantem o sustento a cerca de 1,5 milhão de famílias no país. De acordo com Singer, a Alemanha está desenvolvendo um modelo de economia solidária com base na experiência brasileira.

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