Após anunciar há cerca de um mês que estava avaliando oferecer máquinas com Linux, em função de pedidos de seus clientes, a Dell anunciou oficialmente nesta sexta-feira (30/3) que vai vender desktops e laptops com distribuições do sistema operacional de código aberto. A fabricante afirma que recebeu mais de 100 mil e-mails de consumidores defendendo o uso de Linux em alguns modelos de computador.
A Dell afirma que nas próximas semanas vai divulgar uma relação de modelos e configurações que sairão de fábrica com o sistema operacional Linux. A empresa ainda não decidiu, no entanto, qual distribuição usará em seus computadores. A Dell diz que só venderá PCs com Linux depois que estiver segura de que poderá oferecer suporte adequado a todos seus consumidores. Desde o fim do ano passado, a fabricante oferece a opção de computador de baixo custo sem sistema operacional pré-instalado para que o consumidor escolha o sistema preferido.
A Dell também declarou nesta sexta-feira que um comitê interno encontrou vários erros na contabilidade da companhia e a evidência de manipulação contábil ao longo dos trimestres. A fabricante adiantou ainda que não entregará seu relatório financeiro anual à SEC, comissão de valores mobiliários norte-americana, dentro do prazo estabelecido (18 de abril), até que a revisão interna esteja concluída.
Executivos da companhia disseram que a Dell havia recebido no ano passado uma carta da SEC solicitando uma série de informações referentes à contabilidade de agosto de 2005. A princípio, eles acreditaram que se tratava de uma investigação informal, algo que acontece às centenas de outras companhias. Mas, em fevereiro passado, um grupo de investidores iniciou um processo contra a companhia, sob a acusação de manipulação contábil.
Os acionistas responsabilizam a empresa de ter inflado os lucros durante o período em que a empresa manteve uma parceria com a fabricante de chips Intel. Na ação, eles alegam que a Dell não teria contabilizado US$ 1 bilhão por ano pagos pela Intel para que não usasse outras marcas de microprocessadores. Eles alegavam que a fabricante teria inchado os balanços trimestrais em centenas de milhares de dólares, aproveitando-se dos descontos concedidos pela fabricante de chips.