O diretor da campanha eleitoral do atual presidente dos Estados Unidos, David Plouffe, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o modelo seguido na eleição de Barak Obama é difícil de ser reproduzido em outros países, "mas é importante que se tente".
Plouffe disse durante uma conferência em Lisboa que a internet e a tecnologia tornam possível a reprodução de um modelo desse tipo. "Alguém vai fazê-lo muito melhor do que nós", destacou, sem deixar de ressaltar que cada campanha eleitoral é um caso diferente.
Plouffe foi diretor da campanha eleitoral de Barack Obama e um dos principais responsáveis pela sua vitória. O seu papel foi preponderante e, poucos meses após as eleições de novembro de 2008, assinou um contrato milionário para a publicação de um livro. A editora é a Viking, pertencente ao Penguin Group, e o livro terá como título: "The Audacity to Win: The Inside Story and Lessons of Barack Obama's Historic Victory" (A Audácia para Vencer: Os Bastidores e Lições da Vitória Histórica de Barack Obama).
Durante a palestra, Plouffe afirmou que a estratégia eleitoral seguida nos EUA por Obama levou em conta o fato de as pessoas estarem afastadas da política. "Barak Obama achava que havia um ambiente cínico – nos tradicionais centros de exercício do poder – e que as pessoas estavam afastadas da política, pelo que quis envolver o máximo número de pessoas", acrescentou.
A estratégia eleitoral passou pela aposta na criação de um "Building Grassrots Movement", isto é, um movimento em rede a partir das comunidades de base e do voluntariado jovem ligado a sites e à tecnologia. "Pela primeira vez na história de uma campanha eleitoral nos EUA foram feitos diversos rally aos diversos Estados, organizados pelo movimento de comunidades", explicou Plouffe.
Segundo ele, a questão da escala, da presença do voluntariado na campanha eleitoral e as redes sociais que envolveram milhares de pessoas foram uma novidade e um elemento-chave no sucesso da eleição de Obama. "Havia uma certa descrença na política e nos políticos tradicionais. Eram muito mais importantes as conversas com os vizinhos – através das comunidades –, pois, em média, cada voluntário falava com 20 a 25 pessoas", frisou. "Durante a campanha chegamos a uma rede de 30 milhões de correios eletrônicos e US$ 40 milhões foram doados em dinheiro pelos voluntários. Tivemos grande apoio dos jovens e aposentados que nunca aceitaram dinheiro de lobbies, e dos ativistas que se inscreveram em grande número", afirmou.
Aliás, contra as calúnias políticas ou ataques de caráter "a melhor arma era recorrer às pessoas". A campanha, segundo Plouffe, provou que é preciso acreditar nos jovens, "e é por esta razão que Obama é hoje presidente". Ele disse que John McCain e Hillary Clinton privilegiaram a televisão e a mídia tradicional, que nos EUA são cada vez menos importantes, enquanto que Obama apostou no movimento 'Grassrots' que eram "os olhos e os nossos ouvidos". "Uma outra lição que tiramos foi a de que Washington era conhecida como um local [político] tóxico, que desencantava as pessoas e que a força estava nas comunidades", afirmou. "Utilizamos, assim, uma comunicação de igual para igual, valorizando as pessoas, motivando-as e colocando-as sob alguma pressão, sendo capazes de responder a tudo", concluiu o marqueteiro político. Com informações da Agência Lusa.
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