BRICs têm baixos índices de inclusão digital, indica estudo

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Apesar do grande crescimento econômico verificado nos últimos anos, os países que compõem o chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) ainda apresentam níveis baixos de inclusão digital. O dado é do Digital Inclusion Index, compilado pela Maplecroft, uma lista que mensura os esforços dos países para ampliar o acesso a tecnologias de informação e comunicações (TICs), entre os quais usuários de telefonia móvel e banda larga, linhas fixas de telefonia e domicílios com computadores e televisores.
O index classifica a Índia, a pior colocada com 34 pontos, na categoria "risco extremo", o que significa que sua população e economia estão sendo sufocadas pela falta de inclusão digital. O Brasil é apontado como de "risco moderado" em relação ao acesso às TICs. O país ficou em 110º lugar no ranking, que é composto de 186 países, em que quanto mais perto do fim da lista, melhor – os países que encabeçam o ranking são aqueles que mais necessitam ampliar o uso de tecnologias digitais.
O relatório aponta que o mercado brasileiro de TICs foi um dos únicos que cresceu durante a recessão mundial, em 2009, apresentando grandes oportunidades de negócios para empresas do mundo inteiro. Apesar disso, a Maplecroft cita dados de 2010 da União Internacional das Telecomunicações (UIT), os quais revelam que apenas um quarto dos domicílios brasileiros têm computador, sendo que a internet só chega a 39,22% dos brasileiros e a banda larga, a apenas 5,9%. Esse quadro, diz a empresa, evidencia que as TICs no país ainda são muito caras para a grande maioria da população.
A penetração dos serviços de telefonia celular no Brasil é boa, na visão da Maplecroft – quase 90% dos brasileiros têm celulares –, mas o preço dos serviços ainda é o principal obstáculo citado pelos entrvistados. Mas o exemplo mais claro dessa má distribuição é o da Índia, que ficou em 39º no ranking. Segundo o estudo, o país já tem cerca de 30% de sua população na classe média, mas apenas 3% dos indianos têm computador em casa. Esse dado se reflete nos níveis educacionais do país, pois apenas 55% dos indianos em idade escolar estão matriculados em instituições de ensino e quase 63% dos adultos são analfabetos.
A China, na 103º colocação, tem a maior população on-line do mundo (420 milhões de pessoas, cerca de metade de todos os internautas da Ásia), mas os serviços de TIC só chegam aos grandes centros urbanos. Além do Brasil, a Rússia (134º) também reflete o mesmo quadro apontado na Índia – classe média em constante crescimento, impulsionando a demanda interna, mas apenas as classes mais abastadas têm acesso às TICs –, ainda que em escala menor. Rússia e China também foram classificados como países de "risco moderado".
Para a executiva-chefe (CEO) da Maplecroft, Alyson Warhurst, o nível de inclusão digital está intimamente ligado ao nível de desenvolvimento socioeconômico de um país. Segundo ela, ao permitir que a educação seja levada a mais parcelas das populações, a internet também permite maior participação de mais pessoas na economia dos países, além de também contribuir para democratizar a participação política nas sociedades, como no caso das revoltas populares no Oriente Médio.
Os países mais bem colocados foram Holanda, em 186º, Dinamarca, Luxemburgo, Suécia e Reino Unido. Os piores foram Níger, em 1º, Chade e Etiópia.

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