Os relatos de jornadas abusivas e condições de trabalho inadequadas já se tornaram uma constante na chinesa Foxconn, fabricante de eletrônicos em regime terceirização para diversas empresas de tecnologia, como Apple, Dell, Sony, entre outras. Nesta quinta-feira, 29, a companhia foi notificada mais uma vez. Trata-se do resultado de uma vistoria em três fábricas da companhia na China.
A Fair Labor Association (FLA), ONG internacional de proteção ao trabalhador, divulgou um extenso relatório após realizar vistorias e entrevistar mais de 35 mil empregados da Foxconn, por três meses, fruto de um trabalho encomendado pela Apple. “A FLA concluiu que, nos últimos 12 meses, todas as três unidades excederam tanto o código padrão da FLA de 60 horas semanais de trabalho, como também os limites legais da China de 40 horas por semana, com 36 horas extras máximas por mês”, diz o documento. A ONG detectou também que, nos picos de produção, os empregados tiveram expediente por mais de uma semana sem 24 horas obrigatórias de descanso.
A remuneração dos funcionários entrou na lista das ilegalidades. Segundo a FLA, 64% das pessoas entrevistadas assumiram que o salário recebido na Foxconn não é suficiente para suas necessidades básicas. Segundo eles, as horas extras são computadas apenas em grupos de meia hora. “Por exemplo, 29 minutos de trabalho adicional não resulta em pagamento e 58 minutos geram salário adicional de apenas um período de 30 minutos”, observa a ONG. Problemas nas áreas de segurança também foram notados nas fábricas, responsáveis por prejudicar a saúde dos operários.
A Foxconn concordou em realizar mudanças para enquadrar sua produção à legislação local. Isso significa estipular o limite de 49 horas semanais trabalhadas, incluindo horas extras. Também irá diminuir de 80 horas para 36 horas o teto de período de trabalho adicional por mês. A empresa se comprometeu, inclusive, a contratar pessoas para compensar a redução das horas trabalhadas, pagar salários adequados a toda sua força de trabalho e reforçar a segurança nas unidades.
Caso realmente sejam implantadas as mudanças, analistas preveem um impacto direto no preço dos produtos. O preço de iPhones, iPads, computadores, notebooks, videogames e outros produtos deve subir. O documento completo pode ser acessado no site da FLA.