O setor de tecnologia parecia ser um dos poucos segmentos que vivia livre das instabilidades econômicas em todo o mundo. Graças a sua importância nos tempos atuais, era raro encontrar algum tipo de agitação negativa em torno do setor. No entanto, 2022 acabou alterando esse cenário e o que se vê desde então é uma enxurrada de demissões nas corporações como uma resposta para as incertezas econômicas globais. Para se ter uma ideia, segundo o site de rastreamento Layoffs.fyi, mais de 150 mil funcionários do meio de tecnologia foram demitidos nos últimos tempos, e em 2023, quase 76 mil cargos já foram extintos. Em nosso país, de acordo com os dados da plataforma Layoffs Brasil, o número de desligamentos gira em torno de 35 mil desde o início da temporada de layoffs no ano passado.
Diante desse cenário, hoje a maioria das empresas de tecnologia e inovação estão atuando com uma quantidade de desenvolvedores até mesmo menor que a sua demanda operacional. Também, as habilidades exigidas desses profissionais se modificaram, tornando necessário uma adaptação por parte deles. Se antes era possível que atuasse de forma quase exclusiva à uma das funções do fluxo de desenvolvimento, hoje esse panorama já é visto como algo inviável e impraticável.
Com equipes cada vez menores, se tornou imprescindível que os devs conheçam e participem do ciclo completo de desenvolvimento e entrega de soluções. Prova disso é que as funções que antes dependiam ou correspondiam ao aval de arquitetos de software, hoje passaram a ser responsabilidade também do próprio programador, que possui mais autonomia para tomar decisões importantes e precisou agregar esse conhecimento ao seu repertório profissional.
Logo, como o mercado espera que os desenvolvedores entreguem soluções de qualidade, habilidades como a capacidade de desenvolver testes automatizados, monitorar e realizar implantações, são também requisitos exigidos pelas corporações, sobretudo após as recentes transformações na área.
Hora de se atualizar
Diante de um claro panorama de modificações no setor, surge a necessidade do desenvolvedor se atualizar a essa nova realidade para evitar ao máximo que seja o primeiro da lista nos cortes. Se a área de desenvolvimento por si só já demanda uma especialização recorrente, principalmente por conta das novidades e atualizações em suas ferramentas e metodologias, o mercado agora passa a impor essa condição com ainda mais afinco, de modo a pleitear colaboradores ainda mais completos e capacitados.
Dessa forma, o profissional que não buscar se qualificar, seja por meio de cursos, livros ou a própria internet, para suprir esse gap técnico e estimular novas inteligências e entendimentos relevantes, encontrará problemas para se manter como um perfil diferenciado dentro de um mercado ainda mais competitivo.
Por outro lado, vale dizer que essa demanda não é algo exclusivo para os desenvolvedores que acabaram sendo desligados na onda de layoffs – que abate o mercado desde o ano passado. Mesmo os "sobreviventes", que conseguiram manter o emprego graças aos seus diferenciais técnicos, de comunicação e relacionamento, precisam estar atentos a essa premissa e se atualizar constantemente.
Afinal, é sempre importante ressaltar que não existem devs totalmente à prova de layoff. Todavia é possível minimizar o risco e, para isso, investir em conhecimento é essencial. Até porque somente saber programar não é mais o suficiente em um mercado cada vez mais exigente.
Wesley Willians, CEO e fundador da Full Cycle.