O que move a prática da inovação no setor de serviços em TI (Tecnologia da Informação) no Brasil? Qual a relação entre inovação e tecnologia? E, principalmente, vale a pena investir em inovação tecnológica? A empresa tem ganhos com isso? Presidentes e executivos se deparam com estas questões freqüentemente. As pesquisas a respeito do assunto até o momento são muito focadas no segmento da indústria manufatureira, principalmente no Brasil. Poucas pesquisas abordam o assunto inovação em serviços e menos ainda em empresas de serviços de TI.
Primeiro por que dizia o ?senso comum? que o setor de serviços não tinha grande importância econômica ao país, pois até poucas décadas atrás, o Brasil era principalmente industrial e, segundo, porque o setor de serviços inovava pouco, principalmente quando se tratava de tecnologia. Sempre se associou inovação a produto e serviços a uma área da economia com pouco capital intelectual.
Normalmente diz-se que ?a voz do povo é a voz de Deus? para se dizer que a maioria está correta. Bem, para se contrapor a esse ?senso comum? vale ressaltar que as economias dos países estão mudando e o setor de serviços ganha cada vez mais relevância em sua geração de valor. Pesquisa de 2005 da OECD (Organização Econômica para a Cooperação e Desenvolvimento ? órgão ligado a ONU) mostra que os países que o compõem (EUA, Japão, França, México, Noruega, entre outros) já têm a maior parte de suas economias baseada em serviços.
E pelo último cálculo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 66,7% da economia do Brasil tem sua origem na economia de serviços. Em outra pesquisa realizada pela PAEP (Pesquisa de Atividade Econômica Paulista, edição 2001) da Fundação SEADE (Sistema Estadual de Análise de Dados, órgão vinculado à Secretaria de Planejamento do Governo do Estado de São Paulo) mostra que as empresas de informática no Brasil são as que mais inovam, bem acima da média do setor de serviços e também acima da média do setor industrial.
Por que isto ocorre? As empresas inseridas neste setor ou segmento estariam mais propensas a exercer atividades de inovação porque o regime tecnológico e a natureza do ambiente de inovação condicionam para este propósito. Características como grau de patentes ou direitos autorais, a história da empresa, base de conhecimento, estímulo de órgãos públicos, cooperação com outras empresas, proximidade a institutos de pesquisa, universidades, entre outros, são fatores relevantes à criação de um perfil de inovação de empresas.
Com certeza também o ambiente competitivo é um estimulo à sobrevivência, pela adaptação ou seleção. Uma das formas de inovar, por exemplo, é introduzir uma mudança tecnológica ou simplesmente uma nova tecnologia. Assim, a inovação tecnológica exerce papel fundamental em um ambiente de alta concorrência como o da TI.
Além disto, constata-se que empresas que possuem um ?perfil inovativo? registram resultados positivos em relação aos seus desempenhos. Apresentam, por exemplo, maior participação de mercado, maior mix de produtos e desempenho econômico, como maior patrimônio líquido per capita. Assim, podemos constatar que o segmento de Tecnologia da Informação em serviços tem grande potencial para criar este cenário de desenvolvimento e crescimento. Por isso, vamos inovar!
Celso Malachias é diretor-executivo de negócios da EDS Brasil.