Um estudo comparativo sobre a implantação de governo eletrônico em municípios do Brasil, Espanha e Portugal revela que projetos do gênero ainda são incipientes e que fatores como Produto Interno Bruto (PIB) e número de habitante não influenciam na eficiência dos serviços prestados. Ou seja, muitos cidadãos brasileiros encontram as mesmas dificuldades para ter acessos a informações e a atendimentos prestados pela internet que os espanhóis e portugueses.
Os itens avaliados no estudo abrangem desde mapas de transporte público e documentação até aspectos complexos de relacionamento com cidadãos, que visam a facilitar a participação dos mesmos nas decisões públicas. Os três países apresentam aspectos bastante similares entre si, o que não é um bom sinal, avalia o diretor da Cátedra Software AG, José Esteves. ?A nota média das cidades é muito baixa e muitas delas realizaram implementações antes de traçar uma estratégia de e-Gov?, conclui.
O estudo mostra que não existe relação aparente entre o PIB, o número de habitantes e o desenvolvimento do governo eletrônico dos municípios. Em Portugal, por exemplo, a cidade número um do ranking é Aveiro, município industrial, enquanto Lisboa decepciona. Na Espanha, a primeira colocada Barcelona é seguida por Vigo e Leganes, localidades pequenas que ficaram à frente da capital Madri.
No Brasil, diz o estudo, o desenvolvimento de portais enfatiza a estética e praticidade de uso, mas a personalização e disponibilidade de conteúdos relevantes deixam a desejar, avalia o professor da Fundação Getúlio Vargas, Norberto Torres. A capital paulista, por exemplo, ficou em primeiro lugar entre as cidades avaliadas, mas, segundo Torres, ainda há um grande caminho a ser percorrido. ?Mesmo com o lançamento do novo portal, no mês de maio, a nota geral subiu muito pouco? afirma.
Os municípios de menor porte também levam vantagem nos quesitos custos e investimentos. De acordo com Esteves, os projetos inovadores de TI e que apresentam estratégias claras de governo eletrônico se pagam em prazos bastante curtos. ?Isso explica porque muitas localidades menores apresentam resultados satisfatórios?.
Por outro lado, nos casos em que as ferramentas de tecnologia são prioridades do projeto, a chance de sucesso é bastante reduzida. Levando em conta a localização geográfica, a pesquisa mostra que os municípios não possuem iniciativas de colaboração entre si, o que impede a implementação de melhores práticas envolvendo processos que já deram certo, bem como o compartilhamento de infra-estrutura.