A área de tecnologia é responsável por 1,4% do total de emissão global dióxido de carbono (CO₂), ou cerca de 1 gigaton dos 52 gigatons do gás que devem ser emitidos mundialmente até 2020, segundo dados da consultoria Booz & Company. Cada gigaton equivale a 1 bilhão de toneladas de CO₂.
Das emissões de TI, os PCs e monitores respondem por 57%, servidores e infraestrutura de TI por 34% e impressoras, 9%. Apesar de não ter uma participação muito relevante na emissão de gases estufa, a área de TI é preponderante para reduzir o volume global de CO₂. Renata Serra, diretora de TI Booz & Co, enfatiza que a TI pode diminuir em 22 gigatons a emissão de CO₂ até 2020, tanto de forma direta quanto indiretamente, alavancando as possibilidades de redução.
Para isso, ela diz que as práticas de TI verde devem se tornar constantes nas empresas e passarem a integrar a agenda de estratégia das corporações. Renata aponta que TI verde se tornou uma oportunidade para reduzir tais emissões de gases estufa, assim como contribui para a redução dos gastos das empresas. Entre as soluções em potencial para essas finalidades, a executiva cita a virtualização de servidores, que pode reduzir entre 10% e 30% o consumo de energia.
Em relação a estratégia de TI verde adotada pelas empresas atualmente, Renata observa que, apesar de existirem ações pontuais nesse sentido, ainda não há uma estratégia de TI verde totalmente integrada e que englobe todas as áreas e empregados das companhias. "As práticas têm de ser suportadas por uma governança para serem mais organizadas e estruturadas. Ações isoladas não trazem resultados tão positivos quanto as práticas com governança e métricas", disse ela. Outro ponto abordado pela executiva é a falta de um padrão de TI verde no Brasil, diferentemente do que ocorre em países como Japão, Reino Unido e Estados Unidos, que já têm seus certificados definidos.
O diretor de TI do Pão de Açúcar, Alexandre Vasconcellos, chama atenção para a necessidade de ser criada uma cultura de TI verde entre os funcionários, que também fazem parte deste processo. A varejista mantém diversos projetos de sustentabilidade como o investimento em thin clients e a utilização de etiquetas eletrônicas de precificação.
Na visão de João Bezerra Leite, diretor de infraestrutura e operações de TI do Itaú Unibanco, ressalta que para as práticas de TI verde obterem sucesso é preciso ter foco, cuidado e governança. "É preciso criar um ciclo virtuoso para as ações de sustentabilidade fazerem sentido nas organizações." Entre as ações do Itaú Unibanco para sustentabilidade, o executivo citou a implantação de 18 salas de telepresença até o fim deste ano, que vai reduzir custos e aumentar a produtividade.
O CIO da GM para a América Latina, Cláudio Martins, pondera que o preço dos equipamentos de tecnologia produzidos com conceito de TI verde não têm uma diferença de preço muito alta em relação aos demais produtos. Segundo ele, a tendência de redução de custos dos equipamentos ao longo dos anos será mantida. "Os fabricantes são forçados a entrar em conformidade com TI verde pelas leis. A questão de sustentabilidade entrou na agenda desas empresas."
Os executivos participaram nesta quarta-feira, 30, de evento de sustentabilidade realizado no Itaú Cultural.
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