As empresas da saúde estão buscando novos recursos para melhorar a experiência de seus pacientes e procedimentos a fim de reduzir custos, como em qualquer outro tipo de empresa. Para isso, muitos hospitais, prestadores de serviço de saúde, laboratórios, operadoras já estão utilizando recursos da Inteligência Artificial, tanto para geração de insights de negócios, processos gerenciais, quanto para pesquisa e desenvolvimento de tratamentos médicos.
Essa tendência é capaz de agilizar o atendimento dos pacientes e otimizar os procedimentos realizados. Dessa forma, diversos problemas do setor podem ser resolvidos, possibilitando um atendimento mais eficaz e até a realização de diagnósticos de forma precoce.
A utilização de dados abundantes de prontuários eletrônicos de pacientes, além de outros dados da saúde, vai gerar novas soluções e criar as bases da nova Era da Saúde Digital, conforme discussão no Fórum Saúde Digital, na manhã dessa quarta-feira, 30.
Do ponto de vista de Avi Zins, CEO da CareI Strategic Consulting, empresa com foco na melhoria dos cuidados, prevenção da doença, care improvement, consultoria de estratégias e soluções, quando falamos de questões de tecnologia estamos nos referindo ao quanto a ela hoje está na base dos serviços oferecidos a todo o espectro do atendimento em saúde.
"Particularmente a IA na saúde pode ser identificada na aplicabilidade (patologia, radiologia, dermatologia, psicologia, nutrição); prevenção e gestão de riscos (sepsis); na telemedicina e tratamento contínuo, bem como na experiência dos hospitais as a Service (logística fora do hospital)", explicou Zins.
Segundo ele, o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias, individual-care e IDMT, controle e mapeamento de epidemias e pandemias, foco de segurança do paciente x privacidade e ausência de erros, são algumas das consequências que podem ser identificadas pelo uso da IA dentro do ecossistema da saúde. "O mais importante, porque continuamos aqui falando de tecnologia, é que os dados que alimentaram esses sistemas sejam sempre dados saudáveis e dessa forma os benefícios serão claros para toda a cadeia".
Guilherme Kato, CTO do dr consulta, contou um pouco da história da empresa que já nasceu digital. "Ela nasce em 2011 como alternativa de consultas com profissionais qualificados a preços baixos. Quando o paciente nos procura, ele deseja ser atendido o mais breve possível, em locais mais próximos a custos adequados", disse. "Para que todo esse contexto seja realizado, iniciamos o uso de algoritmos que permitiram elaborar escalas de atendimento baseados em demandas prévias como especialidades, horários e locais, por exemplo, a fim de propor agendas para os profissionais da rede, equilibrando o atendimento diante das premissas dos nossos clientes", explicou.
Além dos algoritmos, o dr consulta também mantém bases de dados em Data Lakes, com prontuários, baseados em protocolos internacionais, para que o desfecho clínico ocorra de forma assertiva. Do exame e da consulta, o paciente está no foco e resolver seu problema é a prioridade para a empresa", explicou o executivo de TI da companhia.
Ele alertou ainda que a IA ainda ajuda a calcular o staff necessário para recepção do paciente como forma de predição nos centros médicos, além da integração com outras tecnologias no back office como o RPS, chatbots, call center entre outras demandas.
Segundo Patrícia Hatae, head de TI do Grupo São Cristóvão Saúde, a tecnologia e a inovação estão se intensificando com o uso da IA. "Os avanços ensinam os sistemas a tomarem decisões de forma autônoma, por meio da coleta de dados saudáveis e com isso criar inteligência nestas máquinas. A tecnologia está sendo usada em benefício do paciente. Por isso, mobilizou cientistas de todo o mundo para favorecer o paciente. A pandemia – uma situação absolutamente adversa – mostrou como a tecnologia veio para ajudar quebrando barreiras e burocracias", conceituou Patrícia.
Ela observa que a IA veio para otimizar o atendimento, elenca os casos mais críticos e priorizar nas emergências, no atendimento convencional. "Ao utilizar a informação do prontuário eletrônico para cruzar dados e gerar ações preventivas, otimização de fluxos e eliminação de gargalos, a consequência sempre será o melhor atendimento", sentenciou.
Para ela, os desafios da IA regularmente são decorrência de problemas de dados, processos de negócios, implementação e escassez de competências. "Devemos nos atentar para um dado da Deloitte Consulting que aponta que a IA pode proporcionar 82% de retorno de investimentos o que é muito significativo para as empresas de saúde".
Felipe Pontieri, diretor de TI da DASA, explicou que "a tecnologia de IA imprimiu eficiência aos processos da Dasa, mas nunca esquecendo da empatia com o paciente, pois sempre teremos uma abordagem mais humanizada. |Mass por meio de Data Science pudemos alavancar o potencial no nosso ecossistema".
Por meio de uma plataforma interna denominada de Nav, criou-se um canal entre pacientes, médicos e produtos da empresa. A plataforma se conecta ao centro de tecnologia da empresa por IA e a partir disso, criamos algoritmos que nos permitem entender o mundo físico aos olhos da tecnologia (phigital) integrando telemedicina, com indicadores de saúde, a fim de agilizar o atendimento, com uma visão unificada do paciente, em qualquer lugar, com interoperabilidade e disponibilizando dados aos pacientes e médicos. Isso tudo nos permite tornar o sistema mais sustentável focado na saúde e não na doença", explicou Pontieri.
Concluindo sua apresentação Guilherme Kato, aponta a IA com um dos pilares do acolhimento do paciente e a aceitação da telemedicina não substitui o presencial, mas ajuda na seleção dos casos e num atendimento mais rápido e encaminhamentos mais adequados aos sistemas de saúde secundários e terciários.
Concordando com isso, Avi Zins reitera, "a tecnologia não substitui o médico, mas permite que haja mais precisão na medicina. A personalização da saúde faz o tempo do médico ser melhor utilizado no foco do atendimento e não procurando informações espalhadas".
Felipe Pontieri pondera que o foco no paciente não pode ser obstruído por burocracias ou na busca de informações.
"A telemedicina e a IA sugerem que a Saúde está recebendo avanços notáveis que irão agregar qualidade e riqueza para tomada de decisões com agilidade e eficiência", concluiu Patrícia.