Presente como um dos pilares da sigla ESG (Environmental, Social and Governance), a sustentabilidade é tema cada vez mais central dentro de empresas que querem crescer. Desenvolver as chamadas Green Skills, conhecidas como habilidades verdes, passou a ser uma exigência do mercado e também dos clientes. Elas demandam ações dentro da organização que sigam normas que atentam para a preservação ou restauração do meio ambiente.
De acordo com Gerson Souza, diretor industrial da Schattdecor do Brasil, associada da AHK Paraná, o mercado consumidor quer conhecer os impactos que os produtos e serviços consumidos podem causar durante seu ciclo de vida — inclusive, do ponto de vista ambiental.
O movimento acontece diante do maior acesso à informação e faz com que o consumo, antes muito atrelado à demanda e ao custo-benefício, passe também a considerar a cadeia produtiva.
"Essa conscientização das pessoas tem fomentado a necessidade do desenvolvimento das habilidades sustentáveis dentro das organizações. Elas são hoje habilidades cada vez mais exigidas dentro das organizações, principalmente, mas não apenas, dos líderes e gestores. Podemos traduzir essas "Green Skills" como as habilidades de pessoas ou organizações em encontrar soluções mais conscientes no âmbito da sustentabilidade agregando valor à cadeia produtiva e seu ao negócio", explica o diretor.
Além de acompanhar uma tendência que é, de fato, um caminho sem volta, colocar em prática a sustentabilidade também gera valor para a empresa e faz com que a companhia passe a ser lembrada como uma catalisadora da mudança.
E como desenvolver as práticas sustentáveis?
Um ponto fundamental em toda a discussão sobre sustentabilidade é a necessidade de o discurso corresponder à prática — e não apenas ser uma forma de estar "na moda". Muitas vezes, a realidade não corresponde ao que se é divulgado. É o chamado "green washing".
De acordo com Gerson, o desenvolvimento da sustentabilidade dentro da empresa exige proatividade e entender a necessidade de envolver todas as etapas do processo.
Ele pode ser, e é desejável que seja feito de dentro para fora, a partir da proatividade e desejo da organização em ser sustentável. Mas, em outros casos, essa mudança acaba sendo por meio da imposição do mercado, de legislações e de normas.
"Cabe à alta administração criar um caminho com objetivos definidos e comunicar não apenas internamente na sua organização, mas também para a cadeia produtiva. Por exemplo, na Schattdecor, entendemos a sustentabilidade como sendo um processo contínuo desde nossa fundação, em 1985, e que somente é possível alcançá-la com o comprometimento das administrações na busca da melhoria contínua", ressalta Gerson.
Em 2015, a Schattdecor, especialista em superfícies, iniciou um programa de Eficiência energética chamado e2+, focado em redução do impacto causado pelos gases causadores do efeito estufa. A redução no consumo específico de energia já atingiu 17%. A empresa também anunciou o plano de reduzir as emissões gradativamente até atingir a neutralidade, em 2045. "Com os objetivos claros dentro da organização, todo o grupo trabalha constantemente em prol desse desafio", afirma.
Desafios
Implantar mudanças nem sempre é um caminho fácil dentro de uma organização. No caso das Green Skills, a história não é diferente. Segundo o diretor industrial, a mudança da mentalidade da gestão pode ser um dos mais complexos na trajetória.
E aí, quando a implantação de habilidades sustentáveis é oriunda de exigência externa, o desafio pode ser ainda maior.
"A mudança de fora para dentro pode ser muito drástica, fazendo, inclusive, com que não haja tempo suficiente para a adaptação do modelo de negócio. Já a mudança espontânea pode ser feita de maneira mais planejada e gradual, criando modelos novos de negócios ao longo da caminhada. Empresas mais recentes nascem em sua grande maioria já com esse mindset, o que acaba tornando a sustentabilidade mais natural", conclui Gerson.