Muito se fala sobre economia compartilhada e temos muitos motivos para isso. As sete principais empresas, baseadas nesta estrutura, capitalizaram em 2015 cerca de US$114 bilhões. Segundo análise de Jeremiah Owyang e Philippe Cases, isso representa 83% do valor total somado por todas as empresas com lucro de mais de um bilhão de dólares.
Esse novo modelo econômico impulsiona uma transformação nos negócios e na própria tecnologia da informação. A inovação nos modelos de negócios e no uso da tecnologia como feito pelo Uber, Airbnb, Coursera, WeWork e etc. está no núcleo da economia compartilhada.
Ao transformar o comportamento dos consumidores e suas expectativas sobre produtos e serviços, as empresas estão passando por um momento de mudanças urgentes e precisam se adaptar a este mundo porque começam a ser ameaçadas por um universo de novos concorrentes.
No centro desse rompimento está um volume grande de dados não estruturados que os modelos de vanguarda da economia compartilhada estão criando. Todas as categorias: P2P, B2B, B2C, C2C estão gerando dados que, quando capturados, armazenados e analisados terão valores de negócios tanto indicativos quanto preditivos e que podem atuar como um orientador de crescimento.
Atualmente, poucas companhias estão equipadas para lidar com quantidades diárias e massivas de dados não estruturados. E essa informação é o sangue que corre nas veias das empresas deste modelo de negócios. Em um mercado em que uma empresa pode falir tão rápido quanto pode ser aberta, percepções aplicáveis podem fazer toda a diferença entre nadar ou se afogar.
Então, que lições as organizações tradicionais podem extrair desse fenômeno? Primeiro vamos contextualizar algumas coisas. A economia compartilhada só se tornou possível devido ao advento da nuvem. Companhias como o Uber e o Airbnb, que estão presentes no mundo todo, precisariam de uma grande infraestrutura de TI para garantir uma experiência interessante para seus clientes.
Desta forma, graças à nuvem, capacidades técnicas e infraestruturas que antes eram inalcançáveis agora podem ser utilizadas por essas companhias, bem como as startups que buscam modelos disruptivos sem precisar investir muito para alcançar estes resultados. Em outras palavras, outras companhias menores podem usar a tecnologia como ponto principal para alcançar seus objetivos sem precisarem comprar toda a estrutura.
Escrever e programar aplicativos de uso nativo na nuvem é uma coisa bem diferente da programação "tradicional", pois requer uma forma diferente de arquitetura baseada em microsserviços que desagregam componentes, ao contrário da grande arquitetura monolítica usada pela programação tradicional.
Além disso, esses aplicativos são criados usando itens de open source como o Hadoop, MongoDB e o PostgreSQL. Tudo isso requer uma nova abordagem em como lidar com a tecnologia, como serão os datacenters, a coleta e análise dos dados.
Por todas essas razões, entrar na onda da nuvem nativa tende a ser uma mudança muito mais difícil para empresas maduras do que para empresas que já nasceram nela. As equipes de TI de corporações tradicionais devem lidar com infraestruturas que são complexas de se manter e cultivar e com a complexidade de seus dados isolados.
Por exemplo, podemos avaliar como as empresas tradicionais responderam recentemente ao Uber. Muitas delas dispõem de aplicativos para receber seus clientes com uma experiência melhor do que faziam antes do atendimento excelente do Uber ganhar popularidade. Entretanto, criar um aplicativo móvel não é suficiente – muitos desses aplicativos são executados sobre a infraestrutura herdada.
Na arquitetura tradicional, os custos para capturar e analisar os dados de seus clientes são altos e frequentes, quando comparados aos aplicativos nativos para a nuvem.
É fundamental que as empresas tradicionais percebam que tentar copiar a economia compartilhada não é uma tarefa simples e, sim, uma atividade que requer transformação em todas as áreas de negócio. A estrutura de TI das empresas não é exceção à regra.
A economia compartilhada é atualmente dominada por poucas companhias, mas isso não ficará assim por muito tempo. Quanto mais companhias perceberem as vantagens dos novos modelos de negócio, mais empresas nesses mesmos moldes devem surgir.
Marcio Sanchiro, gerente sênior especialista em cloud, storage e applications para o Brasil e SOLA (South of Latin America) na EMC.