Quando falamos em segurança, especialmente no ambiente digital, o objetivo é garantir a integridade dos processos e gerar credibilidade, permitindo que os usuários utilizem serviços digitais com confiança. Essas tecnologias surgiram com base em modelos capazes de assegurar proteção robusta. No entanto, há sempre um trilema a ser enfrentado entre segurança, experiência do usuário e a tecnologia disponível. Com a evolução do mercado, é crucial estar um passo à frente, atento às novas possibilidades tecnológicas que mantêm altos níveis de segurança e, ao mesmo tempo, entregam experiências positivas e inovadoras.
À medida que o mercado de varejo no Brasil se torna mais digitalizado, omnichannel e competitivo, a forma como vendemos e nos relacionamos com os clientes influencia diretamente a capacidade das empresas de crescerem e se manterem competitivas. Nos últimos anos, a jornada dos usuários foi marcada pela busca de um equilíbrio entre a menor fricção e o menor risco ao negócio, o que muitas vezes resultou em experiências complexas para o consumidor. Felizmente, tecnologias emergentes como blockchain, credenciais verificáveis e biometria já estão permitindo que o varejo ofereça uma jornada mais simples, segura e justa, tanto em lojas físicas quanto online, impulsionando uma revolução na segurança e eficiência dos processos.
Historicamente, a autenticação digital começou com combinações básicas de e-mail e senha, um processo pouco natural que exigia a repetição ou anotação de credenciais para inúmeros serviços. A evolução para soluções federadas, como logins com redes sociais, permitiu aos usuários se autenticarem em múltiplos serviços com uma única identidade. No entanto, essas soluções pertencem a empresas privadas e oferecem baixa confiança para transações financeiras, além de apresentar o risco de perda de acesso em caso de bloqueio da conta pelo provedor.
Com o tempo, evoluímos para a digitalização de documentos físicos, que, embora facilitasse o acesso virtual, aumentou as fraudes de identidade com adulteração de documentos e uso de inteligência artificial. Hoje, a tecnologia avança para identidades digitais reutilizáveis, permitindo que diferentes entidades públicas e privadas emitam versões digitais de documentos. Essa abordagem descentraliza a autenticação e torna a blockchain uma ferramenta crucial para a segurança, gestão e revogação dessas credenciais.
As credenciais verificáveis, ou documentos digitais emitidos por empresas com ampla confiança no mercado, quando armazenadas em wallets (carteiras digitais) protegidas por biometria, oferecem um controle mais robusto e seguro sobre os dados pessoais. Isso permite que os usuários gerenciem e compartilhem suas informações de maneira mais segura e conveniente, facilitando uma jornada digital mais fluida e com menor fricção.
Imagine um cenário onde os usuários podem criar contas e preencher formulários de forma automática, digital e confiável, seja em ambientes físicos ou digitais. A tecnologia blockchain se torna, assim, uma solução poderosa para a gestão de identidade digital, aumento de vendas e mitigação de riscos, ao registrar e verificar credenciais de maneira descentralizada e imutável. Cada transação de credenciais é registrada em blocos criptografados, garantindo que as informações não possam ser alteradas ou acessadas sem autorização, aumentando a segurança e proporcionando rastreabilidade clara e auditável.
Atualmente, regulamentações globais e experimentos internacionais desempenham um papel fundamental na evolução da identidade digital. O Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) e a European Digital Identity Regulation (EUDI), da União Europeia, estabeleceram padrões rigorosos para proteção de dados pessoais e criação de identidades digitais, servindo de base para outras regiões.
No Brasil, iniciativas como o Gov.BR e o One Click BR estão liderando o caminho para a emissão de credenciais em wallets digitais, permitindo que outras entidades verifiquem esses documentos e aproveitem uma jornada com menor fricção. No entanto, a adoção dessas tecnologias enfrenta desafios, como a necessidade de infraestrutura adequada, custos associados e possíveis resistências culturais e empresariais.
Essas inovações prometem não apenas aumentar a segurança e a transparência, mas também melhorar a eficiência das jornadas online. Ao passo que essas tecnologias continuam a se desenvolver e a serem adotadas globalmente, elas estabelecerão novos padrões para a proteção e o gerenciamento da identidade digital, moldando o futuro do varejo e das interações online. A adoção de ferramentas seguras e eficazes é essencial para a competitividade das empresas no Brasil, e a transformação digital pode ser o diferencial que impulsiona o crescimento e a confiança dos consumidores. Vamos pensar um passo à frente?
Marcelo Queiroz, Head de estratégias e novos negócios da ClearSale.