Vídeos do próprio Google vazados na internet com protótipos de robôs, alguns parecidos com touros mecânicos e outros que se assemelham humanóides de filmes de ficção científica, foram exibidos mais de 90 milhões de vezes. Embora não trate do assunto publicamente, os vídeos reacenderam os rumores de que a empresa vem preparando terreno para o desenvolvimento de robôs inteligentes, multiuso.
Ainda de acordo com os boatos, a empresa vai criar uma divisão de robótica, que ficará sob o guarda-chuva da Alphabet, empresa recém-criada pelo Google para cuidar de seus negócios não relacionados à internet, segundo pessoas familiarizadas com os projetos e pesquisas disseram ao site da Bloomberg. No entanto, a Boston Dynamics, fabricante de robôs especializada na área militar, adquirida pelo Google em 2013, que recentemente também divulgou vídeos de robôs no YouTube, vai operar com alguma independência dentro da Alphabet, segundo uma das fontes, que pediu para não ser identificada.
A área de robótica no Google tem crescido substancialmente nos últimos dois anos graças a, pelo menos, oito aquisições, incluindo a Boston Dynamics, que, por sinal, é a que está com projetos mais adiantados, usando recursos imensos para construir máquinas que podem um dia servir como ajudantes domésticos ou dróides de segurança.
Pesquisas publicadas periodicamente revelam avanços técnicos e fornece um roteiro sobre o caminho que os robôs do Google estão seguindo. Um artigo online publicado pelo Google no dia 4 deste mês no repositório Arxiv da Universidade de Cornell revela que a empresa está realizando experiências como, por exemplo, a alimentação dos "cérebros eletrônicos" das máquinas com videoclipes curtos para melhorar o poder de visualização. A técnica utiliza trechos de filmagens para dar aos computadores uma melhor noção do que, digamos, uma banana parece, a partir de vários ângulos. O sistema também pode trabalhar com vídeo filmado em smartphones, segundo os pesquisadores.
Extensão natural da IA
Para o analista do IDC, Scott Strawn, não é provável que Google passe a comercializar sua tecnologia no curto prazo. Mas ele observa que os robôs são uma extensão natural da inteligência artificial (IA), que é uma área na qual o site de buscas tem investido para outros produtos. "Eles têm muitos dos maiores especialistas do mundo em IA em sua folha de pagamento. Você pode olhar para eles para estar na vanguarda dessa tecnologia, e é o que vai permitir um programa de robótica."
Especialistas da área participaram na semana passada da conferência RoboBusiness, em San Jose, na Califórnia, para discutir a evolução das capacidades da máquina, IA e outros tópicos. E o Google estava na mente de muitos deles. "Eles estão trabalhando em soluções genéricas para problemas muito difíceis", disse Melonee Wise, CEO da startup Fetch Robotics, à agência de notícias. Uma área na qual o Google está muito à frente da concorrência é em imagem e objeto de reconhecimento, disse Wise, ex-funcionário da incubadora na área de robótica Willow Garage, que o Google adquiriu.
A equipe de IA da empresa, denominada DeepMind, começou a aplicar uma versão do seu sistema de aprendizagem software para robôs. A versão do robô, descrito em um artigo publicado no dia 9 deste mês, consegue resolver mais de 20 tarefas simuladas, tais como dirigir um carro ou dar a tacada em um disco de hóquei. O Google resolveu recentemente outro problema complicado em robótica: robôs ensinando como agarrar um objeto. Com a Universidade de Washington, a empresa desenvolveu um sistema que permite que robôs classifiquem um objeto dentro de uma fração de segundo e encontrem o ponto certo para pegá-lo, de acordo com outro estudo recente.