Marcos Peano*
Em meu último artigo abordei a questão da entrada do Brasil no mercado internacional de provedores de serviço de Tecnologia da Informação competindo com a Índia e num futuro próximo, com a China.
Abordei a necessidade de uma atitude do governo como um agente no posicionamento externo do País, fazendo desta iniciativa um projeto da administração pública e não de empresas específicas. Além deste papel, caberá também ao governo (ou ao legislativo) a adoção de uma legislação mais competitiva para os trabalhadores desta área.
Diferentemente do ambiente de manufatura ou do agribusiness, nos quais o componente de mão-de-obra é importante, mas não a maior, na área de serviços de TI o custo de pessoal é, em geral, próximo dos 60% dos gastos. Neste sentido os gastos com profissionais representam uma parcela significativa da estrutura de custos do negócio.
A mão-de-obra neste setor necessita de uma formação mais especializada. A possibilidade da prestação de serviços no exterior aumenta mais estas necessidades: um segundo idioma (inglês) e possivelmente um terceiro (espanhol), a formação em PMI (gerenciamento de projeto) e investimentos no processo de certificação.
Essa necessidade faz com que o profissional de informática se torne bem remunerado. Esta questão obrigou as empresas do setor a buscar alternativas como cooperativas ou prestadores de serviço. Estas opções aos poucos vêm sendo abandonadas e as empresas estão migrando para o modelo de contratação pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o que encarece os gastos. Este custo se reflete nas taxas cobradas de clientes e pode inviabilizar a exportação destes serviços.
Se a indústria ou o agribusiness possuem incentivos para exportação (com uma menor carga tributária), é fundamental para a entrada do Brasil no cenário internacional que as empresas do setor também busquem um modelo trabalhista mais flexível ou incentivos que permitam a contratação de mão-de-obra necessária com um custo competitivo.
* Marcos Peano é presidente da BBKO Consulting