Conhecida por sua política de preços agressivos no mercado de telecomunicações, a fabricante chinesa de equipamentos de rede Huawei Technologies foi uma das que mais conquistaram contratos para implantação das redes de terceira geração (3G) no Brasil. E mesmo com a crise financeira mundial e o dólar caro, a fabricante garante que manterá a política de "preços chineses" para continuar crescendo no mercado a taxas de 90% a 100% ao ano – estimada para este ano.
Segundo Marcelo Motta, diretor de marketing e produtos da Huawei, os contratos que já foram assinados e estabelecidos com valor do dólar fixo serão cumpridos sem alteração. No entanto, os novos contratos e expansões destes que previam uma alteração diante da flutuação do dólar, serão negociados de acordo com a cotação do dólar.
"Depende do que está previsto no contrato. Mas pretendemos segurar os preços. São negociações caso a caso", afirmou o executivo, sem revelar quais são as modalidades de contratos que tem com as operadoras.
Produção local
A empresa também está revendo a sua estratégia para o Brasil e já estuda a possibilidade de montar um fábrica no país, em razão do crescimento acelerado que vem obtendo no mercado local.A Huawei já tem, inclusive, um memorando de intenções assinado com o governo do Espírito Santo para a construção de uma planta industrial naquele estado, embora Motta observe que não significa necessariamente que será o local escolhido para sua provável fábrica.
"Não tínhamos volume que viabilizasse a produção local, mas agora temos. Isso fortalece ainda mais a necessidade de produzir no Brasil. Estamos estudando, mas deverá acontecer em breve. Temos crescimento necessário para sustentar esse investimento", afirmou Motta. A produção no Brasil também beneficiaria a Huawei na meta de manter preços mais competitivos do que seus clientes no mercado.
Além disso, devido à crise, a empresa está revendo suas estimativas de crescimento para 2009, cujos números niciais previam os mesmos patamares de 2008. O executivo lembrou que caso ocorra a retração no mercado, o tamanho do bolo irá diminuir para todos. "Mas, independentemente do tamanho desse bolo, nosso objetivo é conquistar a maior participação de mercado", observou Motta, apontando que este fato não inibiria o plano de fabricação local.
O Brasil, segundo ele, é um grande alvo dos investimentos da fabricante, já que representa mais da metade dos resultados da América Latina, que por sua vez tem participação superior a 10% no faturamento global da empresa.
Agora, a fabricante chinesa vai passar a concentrar o foco no mercado de terminais 3G, no qual já detém cerca de 70% dos modems de banda larga USB, segundo ela própria. A idéia é passar a comercializar seus telefones celulares no mercado brasileiro. Em meados deste ano a empresa criou uma área exclusiva para trabalhar no desenvolvimento do mercado para seus terminais 3G no país, com o intuito de se preparar para 2009. "Temos negociações em andamento com todas as operadoras. Nesse momento, elas já fizeram as compras para o fim do ano. Nós queremos abrir mercado para o ano que vem. Esta é a nossa estratégia", revelou Marcello Alarcon, gerente de marketing sênior do departamento de terminais. "Estamos bastante otimistas, e acreditamos que em 2009 já teremos celulares sendo vendidos pelas operadoras brasileiras", completou Motta.
Atualmente, os dois modelos de modens de banda larga móvel 3G da Huawei são fabricados no Brasil por meio de uma parceria com a Flextronics. "A mesma política será utilizada para os celulares. Quando tivermos contratos assinados e demanda, será natural a fabricação no país", finalizou Alarcon.
- Fornecedores