Gestão de resíduos sólidos deve ter abordagem global, defende especialista

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A gestão de resíduos sólidos, com destaque para o lixo eletrônico, é uma necessidade imediata e deve ter uma abordagem global, além fazer parte de políticas governamentais. É o que defendeu o engenheiro químico e consultor da D-waste, Alexandro Mavropoulos, durante palestra no Forum Green Tech 2012, evento promovido pela revista TI INSIDE e organizado pela Converge Comunicações, nesta terça-feira, 30, em São Paulo. A D-waste é associada à International Solid Waste Association (ISWA), entidade internacional voltada a promoção e desenvolvimento de práticas sustentáveis para o descarte de resíduos sólido.

"A forma de produção de um aparelho eletrônico implica no impacto em diversos países. Seja nos meios de produção, seja na distribuição de lucros. Por isso, é natural que a responsabilidade por manejar os resíduos sólidos seja compartilhada", ressalta Mavropoulos. Ele cita números da ISWA que apontam que até 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos serão produzidos globalmente neste ano. Para 2050, são estimados 4,2 bilhões de toneladas, devido principalmente ao consumo cada vez maior celulares, computadores, tablets, entre outros aparelhos eletrônicos.

Atualmente, o lixo eletrônico responde por cerca de 50 milhões de toneladas anuais. "Grande parte é exportada ilegalmente para países pobres e emergentes, como a China, Índia, Paquistão, Gana e até mesmo o Brasil, devido à alta concentração de metais como cobre e ouro presente nos equipamentos eletrônicos descartados", afirma o especialista. Isso, segundo Mavropoulos, confirma a alta lucratividade gerada pela extração desses materiais. "O problema é a falta de infraestrutura desses países para lidar com o material, altamente tóxico e nocivo para o meio ambiente e também para os seres humanos."

Para Mavropoulos, é "mais que óbvia" a necessidade de se adotar ações para a gestão eficaz do lixo eletrônico, a começar pela eliminação do tráfico dos materiais. Algumas das regulamentações existentes, como as regras estabelecidas pela Organização das Nações Unidas na Convenção de Basileia, não são cumpridas. "Oitenta e cinco po cento do lixo com material não perigoso é enviado ilegalmente da União Europeia, por exemplo. Se esse percentual é tão alto, imagine o lixo realmente prejudicial?", pergunta o engenheiro.

Ele considera fundamental também diminuir a probabilidade do manuseio inapropriado do lixo eletrônico, por meio da infraestrutura adequada nas localidades receptoras. Além disso, ele defende que todos países precisam ter regulamentações ambientais mais claras e objetivas, para tornar mais difícil a recepção ilegal do lixo eletrônico. "Todos esses pontos requerem muito tempo e dinheiro para serem implementados. Enquanto isso não acontece, os países exportadores de resíduos são ainda mais responsáveis pelo tráfico e devem ser alvo de acompanhamento de organizações internacionais", defende Mavropoulos.

A União Europeia foi uma das primeiras a adotar a regulamentação de resíduos sólidos e lixo eletrônico com a diretiva WEEE, estabelecida em 2005. Mavropoulos cita também Japão e Coreia do Sul, que também desenvolveram medidas para combater o tráfico de lixo, seguida da China, em 2009, e do Canadá e alguns estados norte-americanos. No Brasil, a visão do especialista sobre a aprovação Lei Nacional de Resíduos Sólidos (lei nº 12.305/2010) é a mesma de especialistas nacionais – ela requer uma logística para que seja efetiva, o que ainda não aconteceu.

O especialista não insenta de responsabilidade os consumidores, que devem ser conscientizados sobre os impactos ao meio ambiente e à sociedade como um todo. Mesmo assim, Mavropoulos diz que o dever principal de convencimento é do poder público, que ainda não consegue esclarecer às pessoas sobre a importância do descarte correto nem tampouco mitigar a realidade do tráfico de lixo. "Mesmo com todas as iniciativas, o tráfico continua acontecendo. É uma atividade global. Isso evidencia ainda mais a necessidade cooperação global para combatê-lo", alerta.

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