Mais um megaempreendimento imobiliário começa a nascer na cidade de São Paulo, só que desta vez com a promessa de modificar os parâmetros de qualidade em construções multiuso — que reúne em um único lugar emprego, comércio, serviços e lazer —, tendo como principal apelo a sustentabilidade. Trata-se do complexo Parque da Cidade, que será erguido na zona sul da capital paulista, o qual terá 595 mil metros quadrados, com cinco torres corporativas, um prédio comercial e dois residenciais, shopping e hotel, além de um parque linear de 62 mil metros quadrados aberto ao público e dotado de infraestrutura de serviços e lazer, como restaurantes, bares, ciclovia e pista de cooper.
Já em fase de escavações, o projeto vai ocupar um terreno de 80 mil metros quadrados entre a Marginal do Pinheiros e o futuro prolongamento da Avenida Chucri Zaidan, no Brooklin, em uma das regiões mais disputadas pelo mercado imobiliário na cidade. A previsão é que demore de oito a dez anos para ficar totalmente pronto e deve gerar um valor geral de vendas (VGV) de R$ 4 bilhões, segundo a Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR), responsável pelo projeto.
A previsão de entrega da sua primeira fase é para meados de 2015, conforme explica Selma Rabelo da Odebrecht Realizações Imobiliárias. Segundo ela, o Parque da Cidade é um dos 18 projetos no mundo que integram o programa “Climate Positive Development Program”, criado pelo C40 (Climate Leadership Group) em parceria com a Fundação Clinton, com o objetivo de lidar com os desafios de urbanização desenfreada e mudança climática. O CPDP inclui os melhores projetos em todo o mundo que tenham a proposta de conseguir saldo climático positivo, sem aumentar emissões de carbono, através de desenvolvimento economicamente viável e ecologicamente sustentável.
Além de integrar o programa CPDP, o projeto Parque da Cidade segue parâmetros da LEED ND, (Leadership in Energy and Environmental Design), sistema de certificação e orientação ambiental de edificações, criado pelo US Green Building Council, organização sem fins lucrativos dedicada a projetos de edificações e construções sustentáveis. Ele é o selo referência em gestão ambiental e urbanística de maior reconhecimento internacional e o mais utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil.
O Parque da Cidade será controlado por um sistema interativo com tecnologia ICT (Information and Technology Communication), que informará em tempo real o consumo de água, energia e condições de trânsito e tempo. Na prática, o complexo é formado por construções sustentáveis que levam em conta itens como eficiência energética, consumo e conservação de água e gerenciamento de resíduos. Conforme explica Jayme Spinola, da Si2 – Soluções Inteligentes Integradas, que fornece consultoria de ICT para o projeto, toda a tecnologia é voltada para a sustentabilidade. A ideia, segundo ele, é transformar o Parque da Cidade em uma smart facility de modo que seja o embrião para a cidade do futuro.
Spinola conta que desde o início buscou-se uma atualização tecnológica muito forte. O sistema é composto por infraestrutura e redes, sistemas e serviços e canais de mídia, tudo interligado. Ele contempla desde sistema de controle de estacionamentos, de gestão de resíduos, controle de acessos, redes fixa e sem fio privadas, distribuição de telefonia fixa e móvel até quiosques de informação, totens e portal, entre outros recursos. A ideia, diz ele, é permitir também o acesso aos dados por diferentes tipos de usuários — residentes, proprietários, visitantes, funcionários e os chamados facilities manager, que administram o parque.
O consultor explica que o maior desafio do projeto de ICT será desenvolver um modelo financeiro, que garanta a operação futura do sistema, sem aumentar os investimentos de incorporação, nem as taxas condominiais a serem pagas pelos ocupantes. Até o momento, no entanto, a principal dificuldade apontada por Spinola na execução do projeto de ICT tem sido a integração com websites públicos para que possa disponibilizar informações sobre condições de tráfego, informações sobre transportes públicos, entre outros.
O estudo de caso do projeto foi apresentado nesta terça-feira, 30, do Forum Green Tech, em São Paulo, evento promovido pela revista TI INSIDE e organizado pela Converge Comunicações.