Com o propósito de reforçar os projetos de sustentabilidade da empresa e estimular práticas de preservação dos recursos naturais entre seus fornecedores e concessionárias, Volkswagen do Brasil decidiu há cerca de dois anos adotar dois softwares para gerenciar e controlar os impactos ambientes na produção de automóveis nas quatro unidades fabris que mantém no país — a fábrica de veículos, motores e câmbio em São Bernardo do Campo, na via Anchieta, a de motores em São Carlos e a de veículos em Taubaté, todas em São Paulo, além da fábrica de veículos em São José dos Pinhais, no Paraná.
Na realidade, os projetos começaram bem antes, em 2008, quando a montadora delineou o programa conhecido por Mach 18, que visa levar a corporação à liderança global em 2018. Na época, a Volkswagen do Brasil definiu a sustentabilidade como princípio de gestão e estabeleceu os objetivos estratégicos e indicadores visando a economia de água, energia elétrica, gás natural, reciclagem de resíduos, emissões atmosféricas e de solventes.
O ponto de partida do projeto de sustentabilidade auxiliada por software, conforme conta o diretor de engenharia de manufatura da Volkswagen do Brasil, Celso Placeres, foi a adoção do conceito de fábrica digital, que integra ferramentas que possibilitam avaliação mais precisa do trabalho a ser executado e, principalmente, a simulação dos processos antes de serem implementados no chão de fábrica. De acordo com o executivo, a fábrica digital proporcionou a padronização e controle das informações, redução de tempo e custo de instalação, permitiu a antecipação de futuros problemas e o planejamento sustentável.
A montadora implantou o software de gerenciamento de sustentabilidade SoFi e de análise do ciclo de vida no processo industrial GaBi, ambos da fabricante alemã PE International. Placeres explica que SoFi permite administrar dados sobre as emissões de gases de efeito estufa e preparar futuros relatórios ambientais. Segundo ele, o software ajuda a Volkswagen a melhorar continuamente a gestão de informações, reduzindo ainda mais suas emissões e minimizando possíveis impactos ambientais. “O cálculo das emissões realizado por meio do SoFi é abrangente, pois considera todos os processos da empresa, desde a produção a operações de escritórios e até mesmo viagens a trabalho.”
Já o GaBi, explica Placeres possibilita a avaliação completa de uma nova instalação ou processo industrial, antes de sua implantação. Dessa forma, é possível trabalhar preventivamente, minimizando os impactos ambientais. O software calcula todos os potenciais de impacto ambiental da nova atividade operacional, além das emissões geradas a partir de processos agregados. Além disso, por meio da interpretação e da análise crítica detalhada dos resultados do GaBi é possível apontar qual é o processo industrial mais adequado em termos ambientais.
Além dos softwares, o executivo ressalta que diversas ações foram desenvolvidas pela montadora para garantir que os recursos naturais sejam utilizados com eficiência. Nos escritórios e nas áreas produtivas, um dos destaques é o uso da iluminação natural em grande escala, o que contribui para a redução do consumo de energia e para a melhoria do conforto visual e do bem-estar dos empregados. A unidade de São José dos Pinhais, por exemplo, já nasceu com o conceito de escritórios com base na gestão sustentável, privilegiando a incidência da iluminação natural.
O programa de sustentabilidade, ressalta Placeres, inclui também a produção de veículos BlueMotion, com índices reduzidos de consumo e de emissões de poluentes, e as iniciativas e soluções em favor do meio ambiente com o conceito Think Blue. Este conceito, segundo ele, foi apresentado pela primeira vez no Brasil na Rio+20, o qual incorpora o objetivo da Volkswagen de criar soluções e produtos ambientalmente responsáveis.
Entre as ações implementadas para reduzir as emissões atmosféricas, a fábrica de São José dos Pinhais, que produz os modelos Volkswagen Fox, CrossFox, SpaceFox e Golf, desenvolveu um sistema para o uso de tinta à base de água na pintura de automóveis. A montadora investiu cerca de R$ 450 milhões para implantação do mesmo processo de pintura na fábrica de Taubaté. Além disso, em 2010, ela inaugurou sua primeira PCH (Pequena Central Hidrelétrica), a Anhanguera, e já anunciou a construção de sua segunda usina, a PCH Monjolinho, com inauguração prevista para 2014. Juntas, as duas centrais serão capazes de gerar 40% da energia utilizada pela Volkswagen do Brasil, localizada no rio Sapucaí-Mirim, entre as cidades de São Joaquim da Barra e Guará, no estado de São Paulo.
De acordo com Placeres, os resultados dos projetos são bastante palpáveis. Somente com consumo de energia elétrica, houve uma economia de 26% no período de 2008 a 2011. O índice de reciclagem de resíduos, por exemplo, atingiu 93,5%, no mesmo período, e o de emissões atmosféricas alcançou 16,2%. A emissão de solventes teve uma redução de 22,13% e a economia de água atingiu 25%.
O estudo de caso foi apresentado nesta terça-feira, 30, do Forum Green Tech, em São Paulo, evento promovido pela revista TI INSIDE e organizado pela Converge Comunicações.