É importante compreender o que torna as favelas tão especiais quando falamos de comunicação de impacto. Essas comunidades, muitas vezes esquecidas e estigmatizadas, são verdadeiros caldeirões de criatividade e resiliência. Nas favelas, a comunicação não é apenas uma ferramenta, mas sim uma forma de vida. É a maneira como as histórias são compartilhadas, narradas, experimentadas e a forma como as pessoas que nela habitam se conectam, se comunicam.
De acordo com estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as favelas abrigam cerca de 13% da população brasileira. Isso significa que mais de 27 milhões de pessoas vivem nessas comunidades. Ignorar esse público é negligenciar uma fatia significativa da sociedade e uma oportunidade de negócios.
Uma das características mais marcantes das favelas é a sua diversidade cultural. Em cada beco, em cada esquina, encontramos uma riqueza de tradições, histórias e perspectivas únicas. Isso cria um ambiente propício para a criação de conteúdo autêntico e relevante. A comunicação de impacto não se trata apenas de transmitir uma mensagem, mas de criar conexões significativas com o público. E as favelas oferecem um terreno fértil para essa conexão, pois abraçam a diversidade de maneira natural.
Além disso, as favelas são lugares de resiliência e superação. Muitos de seus habitantes enfrentam desafios diários que a maioria de nós não consegue imaginar. Essas histórias de superação e determinação são poderosas ferramentas de comunicação. Elas inspiram, motivam e mobilizam as pessoas a agir. Afinal, quem melhor para falar sobre resiliência do que aqueles que a praticam todos os dias?
Outro fator importante é a economia local nas favelas. Muitos negócios e empreendimentos estão surgindo nessas comunidades, gerando renda e oportunidades. A comunicação de impacto pode desempenhar um papel fundamental no apoio a esses empreendimentos, ajudando a promover produtos e serviços locais. Isso não apenas fortalece a economia das favelas, mas também cria laços mais fortes entre os moradores e suas comunidades.
Levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que as favelas têm um mercado consumidor em crescimento. O poder de compra das famílias faveladas tem aumentado, e elas estão buscando produtos e serviços que atendam às suas necessidades específicas. Isso representa uma oportunidade para as empresas que desejam se envolver com esse público de forma autêntica e eficaz.
A busca de conectar com este público, por meio de parceiros e ativistas locais, tem colhido resultados positivos dessa abordagem em primeira mão. Ao trabalhar diretamente com as comunidades das favelas, consegue-se criar campanhas de comunicação que não apenas alcançam, mas também ressoam com o público. Parcerias com empreendedores locais têm gerado impacto real, tanto em termos de negócios quanto de fortalecimento das comunidades.
Para concluir, a favela é uma potência subestimada quando se trata de comunicação de impacto. Suas características únicas, como diversidade cultural, resiliência e economia local, são fundamentais para a criação de conteúdo real, autêntico e relevante, "a cara do brasileiro", que gosta de ver a realidade nua e crua. Não raro, as favelas representam um mercado significativo e em crescimento.
Portanto, é hora de reconhecer o potencial das favelas e incluí-las de forma mais proeminente nas estratégias de comunicação. Afinal, como costumo dizer, "o que não se sabe a FavelaCria". É hora de dar voz a essas comunidades e permitir que elas sejam agentes de mudança.
Joildo Santos, CEO e fundador do Grupo Cria.