Sustentabilidade é um dos assuntos que vem ganhando força nas discussões da sociedade brasileira – com setores públcios e privados discutindo ativamente sobre como suprirmos nossas necessidades atuais sem comprometer o ambiente e os recursos para as gerações futuras. Como a TI vem se tornando cada vez mais relevante na vida das pessoas e das empresas brasileiras, ela não está à margem da discussão sobre sustentabilidade.
Países da União Européia e os Estados Unidos possuem legislação específica sobre equipamentos de TI, e essas legislações sofrem evoluções constantes. O Brasil vem despertando para este assunto também. O Ministério do Planejamento, por exemplo, passou a regulamentar as suas compras de TI desde janeiro de 2010, destacando a necessidade de utilização de tecnologias que contribuam para a redução do impacto ambiental, obrigatoriedade na divulgação de materiais ociosos para doação e aquisições de bens que não contenham substâncias perigosas em concentração acima da recomendada na diretiva RoHS, que define parâmetros para presença de elementos químicos nocivos.
Há muitos anos que a indústria de TI tem trabalhado para diminuir os impactos ambientais, e componentes “amigos” do meio ambiente estão disponíveis em vários produtos, mas ainda tem pouca relevância nos processos de compra. Exemplos como o citado acima são uma exceção.
Um item que vem ganhando notoriedade, mas que ainda não está refletido totalmente nas políticas das empresas e na compra de produtos é a questão do consumo de energia – tema que foca tanto na sustentabilidade, quanto na economia financeira. Entretanto, ainda são poucas as empresas que colocam a economia de energia na ponta do lápis, usando como fator de decisão simplesmente o custo de aquisição do equipamento.
Vejamos um exemplo do potencial impacto deste item: uma grande empresa que precisa realizar a aquisição de 20,000 computadores. Ela pode optar por um equipamento mais moderno, que tem custo de aquisição superior, mas consome 40% menos energia do que o equipamento da geração anterior. A máquina mais atual consome apenas 52 W/h(*) = 0.052 KW/h (killovatt por hora). Supondo que pagamos um preço de KW/h de R$ 0,30 (empresas negociam estes valores), isso daria uma economia de 0.052 * 0.30 = R$ 0,0156 / hora. Estamos falando de 20.000 computadores, funcionando 8 h/dia, durante 22 dias do mês, durante 12 meses. Isso dá uma economia de até R$ 2,6 milhões, aproximadamente.
Quando pensamos em servidores, estes valores são ainda maiores. Isso porque há máquinas equipadas com processadores de baixo consumo que trazem uma diferença de cerca de 40W, e os servidores ficam ligados todos os dias, num periodo de vida de 4-5 anos. Em um projeto de aquisição de 2.000 servidores, a projeção de economia pode chegar a R$ 2,5 milhões em quatro anos.
O país passa por um momento muito importante, com crescimento e maior consumo de PCs, servidores e infraestrutura de TI. Reduzir o impacto no meio ambiente e ao mesmo tempo economizar são vetores muito importantes e que devem fazer cada vez mais parte da agenda das empresas, sejam grandes ou pequenas, privadas ou públicas. Estes impactos precisam ser levados em conta na hora de pensarmos o processo de aquisição.
Maurício Ruiz é diretor para o Segmento Corporativo da Intel Brasil.