Assim como em uma grande final de campeonato, para a qual o técnico do time define uma estratégia bem planejada, com posse de bola eficiente e execução precisa para conquistar a taça, a gestão de recursos durante os eventos sazonais do varejo, como as festas de fim de ano, exige planejamento e atenção aos detalhes. Para chegar ao "gol" da redução de custos, é necessário acertar o timing, negociar com fornecedores e manter um controle eficiente, garantindo que as organizações não cometam erros dentro das quatro linhas. E há muito em jogo: considerando um mercado de 1 trilhão de reais em 2023 (segundo dados da Abras) e uma média de ruptura de 14% (dados Neogrid), estima-se volume de ruptura de 140 bilhões de reais e perda potencial de mais de 70 bilhões em vendas.
O sucesso nesse jogo de compras de fim de ano é fundamental para manter um fluxo de caixa saudável e otimizar as oportunidades de vendas nesta temporada decisiva. Para as empresas que buscam bom desempenho, é essencial adotar processos baseados em indicadores. Isso significa monitorar o tempo de permanência dos produtos no armazém e controlar os níveis de mercadorias de forma detalhada, utilizando o histórico como referência. O principal desafio, no meio de campo, é administrar as demandas que vêm diretamente do centroavante goleador, o consumidor, exigindo uma análise mais cuidadosa e decisões bem fundamentadas para não cometer faltas nem penalidades.
O grande craque, nessa arena, é a tecnologia, que funciona como um trunfo para o treinador experiente. Ela permite automatizar a cadeia de suprimentos e faz a diferença quando se fala em oferecer insights que ajudam na tomada de decisão. No processo de reabastecimento, a chave é usar a procura do consumidor como "gatilho" para os pedidos, não o simples achismo, como acontece com os torcedores, guiados pela emoção. Essa abordagem assegura que cada movimentação seja feita de maneira estratégica, como um passe certeiro que pega surpreende a defesa adversária.
Outro ponto importante é quando o fornecimento de mercadorias depende da logística e da distribuição. Durante 2023 os varejos apresentaram quase R$ 11 bilhões de estoque em excesso e cerca de 45% das lojas não executam projetos acertados na matriz com fornecedores (dados Neogrid). Nesse contexto, integrar sistemas de sincronização de dados de produtos possibilita alinhar a reposição à exigência do consumidor. Cada item pode ser controlado de maneira mais precisa, propiciando que o gestor faça pedidos de abastecimento com maior assertividade.
O fim de ano para o varejo não é como um simples amistoso. Trata-se de uma grande decisão, em que cada movimento conta e influi no placar da partida. O time que conseguir executar sua estratégia de forma acertada deixará sua marca na história. Com poucas rodadas para consagrar o campeão, é altamente recomendado realizar uma análise detalhada da operação e identificar os pontos críticos e as oportunidades de melhoria antes do apito final.
Dionaldo Passos, head de Supply Chain da Neogrid.