Com o cenário de recessão global e o consequente aperto de custos de muitas empresas, as estratégias de marketing digital passam por um momento de mudança. É preciso ter cada vez mais clareza sobre o perfil do público-alvo que deve ser atingido. Arrisco dizer que acabou a fase das aquisições digitais a qualquer preço e de estratégias que priorizam apenas o maior alcance dos anúncios. Gradativamente, as empresas estão buscando segmentar seus clientes e potenciais consumidores para criar ofertas customizadas, e, claro, potencialmente mais rentáveis. O marketing do futuro pensa nisso.
É simples. Aumentar a personalização significa compreender melhor o desejo de quem a empresa quer atingir. Dou um exemplo: oferecer cartão de crédito com proposta de valor premium, com salas vips, milhas e limites altos para públicos de alta renda, e não para todos os segmentos, aumenta muito as chances de aprovação para quem preenche uma proposta e reduz o custo de aquisição por cliente aprovado.
Outra tendência que podemos observar para tentar remar contra a crise é o aumento na utilização de modelos de dados para criar segmentos de consumidores que serão alcançados, justamente por essas ofertas personalizadas como a do cartão premium. Esse é um olhar estratégico que pode aumentar a rentabilidade de cada cliente impactado pelo anúncio. Conhecer a base de usuários e criar metodologias para monitoramento também são essenciais para estabelecer parâmetros e alterar estratégias de acordo com o comportamento de cada um. São variáveis muito dinâmicas.
Trazer um cliente para dentro de casa significa também compreender onde e quando ele pode ser atingido. A Meta, com Instagram, Facebook e Whatsapp, ainda representa a maior rede social do mundo, com quase 3 bilhões de usuários ativos diariamente e pode trazer contribuições relevantes para as operações de aquisição digital. Sua quantidade astronômica de perfis permite maior alcance das publicidades, e vale lembrar que a rede social possui grande representatividade de faixas etárias. Para se ter uma ideia, 44% dos usuários têm mais de 35 anos, público de maior poder aquisitivo. No TikTok, por exemplo, esse percentual gira em torno de 28,6%. Ainda assim, a rede dialoga bem com o público jovem.
Não se trata de deixar de lado o TikTok. Pelo contrário. A rede social lidera mudanças culturais e também ajuda a fortalecer a marca. O que é importante perceber, no entanto, é onde focar e gastar mais energia para a conversão de clientes.
E por falar em energia, cada vez mais a Inteligência Artificial está assumindo o controle das campanhas de mídia digital. Alguns exemplos são as Performance Max do Google e Advantage+ do Facebook, campanhas que mais vêm sendo promovidas por grande parte das empresas atualmente. Daí a importância do controle de dados e de possuir uma metodologia adequada para compreender o comportamento de cada cliente e gerar feedbacks úteis para as plataformas de mídia.
O cenário que se desenha é de cautela, estratégias bem pensadas e análise minuciosa de dados e de comportamento dos consumidores, respeitando, claro, a Lei Geral de Proteção de Dados.
Kleber Zanella, Diretor Sênior da Red Ventures Brasil.