Do hype a implementação da IA: desafios e resultados nos negócios

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O grande hype em torno da Inteligência Artificial (IA) deve evoluir para um foco mais profundo na sua execução e procura por resultados. Mas, em meio a discussões sobre regulações, impacto no mercado de trabalho, tendências e o surgimento de players que prometem revolucionar o setor, a implementação da IA ainda pode ser um desafio. Apesar das aspirações altas, muitas dessas iniciativas não têm alcançado as metas de negócio esperadas.

Embora 51% das empresas brasileiras planejem aumentar seus orçamentos em até 25% para projetos de IA generativa em 2025, segundo um relatório da Avanade, grande parte dessas companhias ainda está em estágio inicial ou em testes de implementação. A pequena quantidade de organizações que conta com uma estratégia clara e implementada de IA sugere uma significativa discrepância entre as aspirações e os objetivos alcançados. Inclusive, muitas dessas empresas não medem os KPIs financeiros em relação aos projetos de IA, conforme mostra a pesquisa global

AI Radar do Boston Consulting Group (BCG).

Apesar de existir um grande potencial disruptivo, a implementação de IA ainda é um processo que exige tempo e investimentos em infraestrutura, segurança, capacitação de talentos e acesso a dados de qualidade. Ainda segundo a pesquisa do BCG, outra dificuldade é que muitas empresas priorizam iniciativas de menor escala e com foco na produtividade, ao invés de privilegiar atividades mais estratégicas e inovadoras, tais como remodelar as principais funções e criar novas ofertas.

Vencer no mundo da IA é tanto um desafio organizacional quanto tecnológico. Pequenas questões, como reimaginar fluxos de trabalho, aprimorar talentos e impulsionar mudanças estruturais nas empresas – acabam sendo os desafios mais difíceis. E o primeiro passo é definir objetivos claros e uma estratégia de IA que esteja alinhada com as metas da companhia. Vale ressaltar que um bom projeto de IA demanda profissionais capacitados para "minerar" e tratar os dados para que eles tenham alta qualidade e de fato sirvam para alimentar um modelo adotado ou desenvolvido.

O estudo da BCG também aponta que as companhias com melhor desempenho em iniciativas de IA dedicam 10% de seus esforços com os algoritmos; 20% com dados e tecnologia; e 70% aplicados a pessoas, processos e a transformação cultural. Ou seja, ao investir em iniciativas estratégicas e, simultaneamente, dedicar a maior parte dos seus esforços às pessoas, processos e transformação cultural, as empresas podem garantir que estão preparando uma base sólida para o sucesso da IA. Isso permite que elas superem a lacuna de impacto, gerem valor real com seus investimentos otimizados em IA e alcancem os resultados desejados.

A boa adoção da Inteligência Artificial pode funcionar bem, por exemplo, à medida que as empresas aprimoram o uso de novos recursos, como os agentes de IA – programa de software que consegue interagir com seu ambiente, coletar dados e usá-los para realizar tarefas determinadas e atingir metas estabelecidas. Companhias devem incorporar esses agentes aos fluxos de trabalho para que eles complementem e melhorem o trabalho dos humanos.

Mesmo com experiências de sucesso, o caminho em direção à aplicação bem-sucedida de IA apresenta uma série de dificuldades. Encontrar a abordagem que abrirá caminho para a inovação e a competitividade com a IA é a chave para que as empresas obtenham benefícios como o aprimoramento na tomada de decisões, novas ofertas, hiperpersonalização da experiência dos clientes, automação de tarefas repetitivas e a melhoria de processos operacionais.

Atualmente, muitas organizações que integraram a IA em seus sistemas já avançaram além da excitação inicial em torno da tecnologia, conquistando benefícios para a sua estratégia de negócio. Conforme o hype diminui e mais empresas demonstram o valor real da IA, seu poder pode virar uma realidade maior que o simples entusiasmo. Para isso se materializar, a grande dica é não diluir os esforços em diferentes apostas ou modismos da IA. Procure as prioridades para a verdadeira transformação do seu negócio, principalmente as que gerem um valor real para os seus clientes.

Felipe Pontieri,  CIAO (Chief Artificial Intelligence Officer) da TQI.

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