Os impactos positivos e negativos provenientes da modernização do mercado de seguros

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Seguindo o movimento do mercado em geral, a mutação contínua da sociedade e sua forma de perceber e atuar nos negócios, é que a modernização decorrente da era digital chegou – também – ao mercado segurador.

Evidente que não se pode dizer que já é um mercado que atende cem por cento dos anseios da era digital, mas, considerando a atual volatilidade da forma de trabalho e entrega de serviços e resultados em quaisquer áreas de negócios, o que importa é o start, porque depois de iniciadas as mudanças, a caminhada será contínua.

Essas transformações e a reinvenção do mercado segurador, bem como, a necessidade de constante evolução e disrupção no gerenciamento e regulação foi, inclusive, mencionada no XIV Congresso de Direito de Seguro e Previdência – ocorrido final de abril em Gramado/RS – tamanha a importância da questão.

E, tudo sempre girando em torno de dados, seu armazenamento, compartilhamento, velocidade com que os mesmos são tratados e, evidentemente, a questão da segurança digital que é tão fundamental.

Assim, foi com foco na atualização desse mercado tão amplo e rentável é que surgiram as insurtechs – nome que vem da junção dos termos em inglês insurance (seguro) e technology (tecnologia). Em outras palavras, são startups voltadas à entrega simplificada de soluções e serviços relacionados ao mercado segurador.

Seguindo o propósito geral das startups e, ainda, a inclusão de mais tecnologia sólida no mercado de seguros, é que essas empresas empreendedoras e inovadoras vieram trazer mudanças nessa área, especialmente através do investimento em Big Data, Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) – o que inclusive justifica o sufixo tech na nomenclatura.

Mas é claro que, como em toda e qualquer mudança e evolução, podemos tentar identificar e mencionar quais são as reais vantagens e quais são as, eventuais, desvantagens que seguirão esses movimentos e é sobre isso que teceremos breves comentários.

Vantagens da modernização do mercado segurador

Big Data é um conceito utilizado para definir o processo de coleta, armazenamento e processamento de grandes volumes de dados de forma rápida e precisa, o que se faz imprescindível nesse ramo, em razão da imensurável quantidade de dados que envolvem as negociações relacionadas aos mais variados tipos e coberturas de seguros.

Isso é alicerçado pela implementação e uso de ferramentas que auxiliam em Serviços Estratégicos através do Business Intelligence e Machine Learning, que fazem a análise dessa enorme quantidade de dados e trazem as soluções específicas necessárias de acordo com o que for parametrizado.

Como reforço disso, a aplicação da Internet das Coisas (rede de objetos físicos capaz de reunir e transmitir dados) em soluções relacionadas ao ramo de seguros promove o fechamento desta modernização do mercado segurador pelas insurtechs, interligando os envolvidos através de objetos de uso diário que estejam munidos de tecnologia e/ou aplicações que os tornem conectados. Assim, a busca pelas informações e o acesso aos documentos relacionados ao contrato ou negociação seria realizado pela internet de forma, praticamente, imediata.

Desvantagens

Mesmo com todos os pontos positivos, nota-se um crescimento da atuação de criminosos digitais quase que na mesma proporção do crescimento das soluções. A fim de obter vantagem ilícita através do sequestro ou uso das informações coletadas, esses criminosos trabalham incansavelmente na busca de maneiras ilegais de burlar os pontos de segurança e bloqueio.

E esse é o ponto negativo da ultramodernização dos negócios, ao qual podemos nomear de vulnerabilidade ou risco cibernético. Caso não sejam muito bem especificadas e monitoradas, essas tecnologias podem se tornar grandes vilãs e ocasionar, até mesmo, a inviabilidade do negócio empresarial.

Como minimizar riscos?

Em razão disso é que, conjuntamente com todo o arcabouço de soluções práticas desenvolvidas, essas startups sempre devem colocar foco no investimento da segurança cibernética. Além da óbvia contratação de uma apólice de Seguro Cyber, a segurança de fato envolve muitos outros pontos que devem ser levantados, estudados com critério e implementados.

Para isso, é imprescindível que a empresa – por menor que seja – tenha muito bem estruturado o seu Plano de Gerenciamento de Riscos, que irá seguir todo o fluxo da cadeia produtiva dos serviços digitais prestados, visando identificar as áreas sensíveis e no que o investimento de segurança deve ser aplicado. A equipe responsável pelo gerenciamento de riscos deve ser fixa e antenada em toda e qualquer inovação, buscando sempre estar um passo à frente de eventuais hackers que possam tentar invadir o sistema e praticar ilicitudes.

Importante salientar que essa equipe deve ter respaldo e apoio jurídico sempre que precisar, a fim de manter a legalidade da estrutura. Ou seja, que todos os atos, procedimentos e serviços sigam o padrão da legislação vigente no país, bem como, para que tenham completo e imediato suporte na eventualidade da ocorrência de ataque que possa, além de comprometer as atividades da empresa, atingir os seus clientes.

Logo, a consultoria jurídica de uma bancada bem estruturada segue essencial para a implementação, desenvolvimento, acompanhamento e continuidade tanto das insurtechs quanto de qualquer outra empresa de ramo distinto.

O mercado de seguros vem passando por uma positiva e necessária transformação, mas que demanda cuidados a fim de que as inovações tragam os resultados e as soluções objetivadas e todos os riscos inerentes às atividades sejam ao máximo minimizados, tanto pela equipe interna quanto pelo suporte jurídico especializado.

Anelise Roberta Belo Bueno Valente, advogada no escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria e gestora da equipe Smart Law.

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