Se de um lado falta emprego, pelo menos na área da tecnologia da informação existe uma crise enorme de falta de talentos, colocando a força de trabalho como um fator complicador na agenda de transformação digital das empresas. Segundo dados de uma pesquisa conduzida pela ManpowerGroup em 2023, sobre escassez de talentos, 80% dos empregadores do Brasil encontram dificuldades para recrutar os funcionários que precisam.
Com mais da metade dos alunos do ensino superior desistindo antes de completar a sua graduação, segundo estudo conduzido pela SEMESP de 2017 a 2021 aqui no Brasil, fica muito claro que a educação tradicional precisa de ajuda, e que existe muito espaço para o fomento de iniciativas complementares de formação profissional.
Neste contexto, sempre é importante lembrarmos que o conhecimento não possui apenas a dimensão proficiência, geralmente graduada em baixa, média e alta, mas possui também a dimensão natureza, podendo ser dividida em conhecimentos operacionais, técnicos, estratégicos e de liderança. Portanto, a qualificação de determinado profissional é uma combinação entre a natureza e o grau de proficiência que ele possui.
Conduzir alguém das graduações inferiores do conhecimento em direção às graduações superiores demanda tempo e recursos, algo muito raro para as empresas. Por isso, encontrar talentos que possuem alto grau de proficiência em todas estas naturezas de conhecimentos é um dos grandes desafios para as companhias na atualidade.
Em razão disso, a distribuição destes conhecimentos nos times se organiza em formato de pirâmide, ou seja, na base – a mais populosa, temos profissionais que se dedicam a executar as atividades operacionais com eficiência, já no meio, temos aqueles interessados na tática e na eficácia do trabalho, enquanto no topo, encontra-se as pessoas que se dedicam às questões mais estratégicas e de liderança, criando as condições e as motivações necessárias para que o trabalho de todos seja possível de ser executado.
A chave da inclusão
Diferentemente da educação tradicional, que precisa de regulamentação para atender uma grade curricular abrangente e generalista, a educação profissionalizante, através de cursos de curta duração, e direcionados para a formação acelerada e especializada de talentos para a base da pirâmide, a região mais carente de profissionais por concentrar a maioria das atividades em qualquer empreendimento, se torna uma excelente alternativa para a rápida inclusão de mais pessoas no mercado de trabalho.
Profissionais na base da pirâmide do setor da tecnologia da informação acessam salários iniciais maiores do que a média nacional, e como mais de 80% dos alunos do ensino superior cursam instituições particulares, à medida que estes alunos conseguirem rapidamente se empregarem, através dos complementares cursos profissionalizantes, veremos diminuir drasticamente o índice de abandono das universidades juntamente com a diminuição das taxas oficiais de desocupação.
As empresas, por sua vez, ao investirem na educação profissionalizante, começam a criar a sua própria base de talentos, um movimento obrigatório para que elas passem a ter o controle sobre a formação e fornecimento do seu ativo mais importante – as pessoas, ao mesmo tempo que realizam e aceleram seus planos de negócios, reduzem seus custos com mão-de-obra, melhorando as suas margens e se tornando mais competitivas, e passam a colaborar ativamente em iniciativas de inclusão social.
Focando a educação profissionalizante nas modernas plataformas tecnológicas que estão sendo adotadas pelas empresas como instrumentos para os seus projetos de transformação digital, todas executando em ambientes na nuvem e acessíveis via internet, conseguimos direcionar de forma ordenada a nossa atenção para as regiões mais carentes e onde as taxas de desocupação são maiores, ativando economias locais, diminuindo o endividamento, e melhorando a distribuição de renda.
Com a educação profissionalizante, o Estado perceberá um aumento no número de pessoas empregadas com carteira assinada, um aumento no consumo de bens e serviços, e um consequente aumento na arrecadação de impostos. Também será possível notar uma diminuição do número de pessoas dependentes de programas assistenciais governamentais, e a redução dos índices de criminalidade. Com talentos disponíveis, haverá a renovação do otimismo, o aumento do empreendedorismo, e o maior fomento à inovação.
Embora o problema do desemprego seja um assunto bastante complexo de se resolver, é certo que as soluções, inevitavelmente, deverão passar por uma ação conjunta e organizada de diversas áreas da nossa sociedade e também por uma boa dose de inovação.
Unindo a necessidade por talentos na área da tecnologia da informação à iniciativas de educação profissionalizante ordenadas, focadas e direcionadas, a solução pode estar apenas a poucas semanas do nosso alcance, pelo menos para uma parcela significativa da população vulnerável sócio-economicamente, algo que vale à pena depositarmos o nosso tempo, esforço e esperança.
Leandro Torres, CEO da BePRO Institute e Smart Coding Lab.
Isso é um devaneio. Tanto a imprensa quanto recrutadores insistem no tema da falta de mão de obra, quando na verdade o mercado está repleto de profissionais que não conseguem ingressar ppr serem rejeitados porque as empresas querem profissionais com nivel de maturidade de vinte anos para cima. Os RH dessas empresas, a maioria das vezes sequer entendem o requisito que estão exigindo e para que ele seria importante. Exitem vagas que pedem o mesmo requisito 10 vezes ou mais, mas com nomenclatura diferente, pois quem recruta não sabe o que está fazendo. O gap que está havendo não é de mão de obra, mas de bom senso.