Indústria têxtil brasileira: olhar para automação é crucial na briga por competitividade

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A chegada de grandes marcas globais de moda ao Brasil (como Shein e H&M), que recentemente anunciaram planos de expandir presença no país mostram o potencial que o país tem para o consumo no setor. Não é de hoje, inclusive, que esse é um dos segmentos que sustenta o PIB brasileiro, com 2,16 milhões de toneladas produzidas somente em 2021, representando um faturamento de R$190 bilhões. Temos também a cadeia produtora mais completa, que vai desde a produção de matéria-prima, como o algodão, até tecnologias para o desenvolvimento e acabamento de peças.

No entanto, temos ainda grandes desafios em relação à competitividade, que merecem ainda mais atenção quando olhamos para este cenário globalizado e de concorrência com grandes marcas globais. Afinal, apesar da criatividade reconhecida do mercado brasileiro, bem como sua expertise na indústria de moda, nossa produção ainda pena para acompanhar a alta produtividade de outros países.

Alguns fatores merecem destaque em relação a esse cenário, e a falta de padronização, digitalização e automação de processos está no topo. Em relação ao primeiro tópico, podemos atribuí-lo à produção manual ainda fortemente presente na indústria têxtil brasileira. Produzimos muito, mas com diversas intervenções operacionais ao longo da cadeia, comprometendo a realização de um padrão de qualidade em toda etapa, lote ou modelo de produto.

No quesito digitalização, ainda engatinhamos enquanto países desenvolvidos já tem tradição neste aspecto. Poucas indústrias, por exemplo, estão presentes no e-commerce ou, ainda na etapa produtiva, contam com ferramentas digitais para acelerar processos – seja para captar e gerir dados, seja para acessar informações relevantes ao negócio. Assim, enquanto novos modelos de negócios se estabelecem e o omnichannel está amplamente difundido em outros países, ainda passamos por dificuldades e desafios em digitalizar nossos negócios – seja em relação à cultura, seja em direcionar investimentos.

Por fim, e talvez um dos aspectos mais importantes para o fortalecimento da cadeia têxtil brasileira, está a automação de processos. Com diversas interferências e poucos processos realmente automatizados – feitos de forma padronizada, por máquinas desenvolvidas para a realidade deste mercado, a qualidade e o volume produtivo ficam aquém do que nossos concorrentes globais entregam.

Automatizar os processos também é essencial para vencermos um outro desafio da indústria, hoje responsável por boa parte do desperdício e da baixa produtividade: a verificação da qualidade dos produtos em diferentes etapas da produção. Não raro, o que é produzido pela cadeia têxtil passa por teste de qualidade apenas na etapa final, quando vai para o consumidor. Com a automação, no entanto, podemos trazer essa mensuração da qualidade – evitando etapas desnecessárias para um tecido que, no fim das contas, não se tornará uma peça aceita no final do teste – ainda em etapas primárias. Testando malhas antes da produção, com automação, pode-se garantir que a matéria-prima usada está de acordo e que ajustes de corte e costura estão corretos. O tingimento ou a própria impressão digital também merecem um olhar cuidadoso, para que o padrão de qualidade se mantenha em cada um dessas fases produtivas.

Diversas soluções em tecnologia para os processos de preparação, tingimento, estamparia, acabamento e confecção já estão presentes no mercado brasileiro – feitos do Brasil para o Brasil, com todas as nuances e desafios que o mercado exige. Basta, agora, que o empresariado do setor têxtil esteja atento à inovação e seu impacto crucial para a continuidade do crescimento e da competitividade do nosso país.

Fábio Kreutzfeld, CEO da Delta Máquinas.

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