HC da UFMG atinge 1 milhão de eletrocardiogramas realizados a distância

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Entre as vertentes de telemedicina do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o coordenador de TI Lemuel Rodrigues Cunha destaca o telediagnóstico que atingiu, na semana passada, 1 milhão de eletrocardiogramas realizados a partir de um sistema desenvolvido pela equipe interna, que hoje é utilizado hoje por 658 municípios mineiros. "Nós somos, hoje, o maior serviço de telessaúde existente na América Latina em termos de pontos conectados e de volume de atendimento", afirma Cunha.

O Centro de Telessaúde do HC da UFMG existe desde 2005. “Somos uma unidade do Hospital das Clínicas da UFMG”, explica o coordenador de TI. Em parceria com mais cinco universidades do estado, (Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Universidade Federal Juiz de Fora, Universidade Estadual de Montes Carlos e Universidade Federal de São João Del Rei) constitui-se a Rede Mineira de Teleassistência, que está interligada à Rute (Rede Universidade de Telemedicina) e é coordenada pelo HC da UFMG.

O projeto de telediagnóstico, que contou com financiamento de órgãos públicos, teve início em 2006, apenas com eletrocardiogramas que eram feitos no interior do estado. "No primeiro projeto, tivemos apoio da Fapemig (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais)", conta Cunha. Segundo ele, nessa época, o projeto de telediagnóstico abrangia 82 municípios de Minas Gerais.

Já em 2007, a iniciativa contou com o financiamento do Ministério da Saúde, responsável pela implantação em mais 100 municípios. No ano seguinte, o órgão que contribuiu foi a Secretaria do Estado de Minas Gerais, quando houve o acréscimo de mais 97 municípios. "Em 2009, foi feita uma última expansão, com o atendimento de mais 329 municípios", revela Cunha.

Ele conta que ao longo do projeto, além desses órgãos, foi fechado convênio com a Prefeitura de Belo Horizonte. O resultado desses investimentos atualmente são os 816 pontos de atendimento, "gerando exames, que recebem a orientação dos especialistas da nossa central", informa Cunha. Entre os municípios contemplados pelo projeto, ele explica que há alguns que têm mais de um ponto, pois tem mais de um posto de saúde.

A Rede de Teleassistência de Minas Gerais conta com 46 funcionários na área técnico-administrativa, 36 especialistas para plantão clínico e 43 especialistas focais e é capaz de realizar, em média, 1,5 mil eletrocardiogramas por dia.

Processo de telediagnóstico

O processo de telediagnóstico especificamente é voltado para os exames. O primeiro foi o eletrocardiograma, "depois passamos a realizar também mapa e holter", explica Cunha. O próximo passo será o exame de pulmão, chamado espirometria, o qual já está em fase de testes piloto e, segundo ele, se tornará um serviço a partir de 2013. Para a realização desses exames, os pontos remotos recebem um equipamento digital. "Temos um sistema que captura esse exame e faz a transcrição para nossa central", explica.

Depois que o exame é gerado, é repassado para a fila de atendimento e os plantonistas atendem de acordo com a demanda. Uma das funcionalidades oferecidas pelo sistema é a determinação do status de urgência ou prioridade do exame. "Tem muitos pacientes do interior, que moram em fazendas, e foram para o centro apenas para realizar o exame, e precisam retornar", exemplifica Cunha.

Em casos de exames de urgência, ele afirma que o prazo de resposta para o resultado do exame é de cinco minutos e, além da resposta, "o profissional que está fazendo esse exame pode solicitar ao cardiologista de plantão um apoio", comenta Cunha, acrescentando que, nesse caso, já entraria em uma teleconsulta.

Entre os benefícios proporcionados pela tecnologia, Cunha cita o fato de evitar que os pacientes, principalmente dos locais mais remotos e mais carentes, tenham que fazer um grande deslocamento para realizar os exames, tal como um eletrocardiograma, por exemplo, se faz em 10 minutos", comenta. Ele afirma que há uma efetiva redução de custo para a saúde do estado. "O paciente teria que fazer uma viagem, teria de ter um acompanhante, gastos com alimentação etc."

Já para os pacientes que não são moradores do interior, Cunha revela que o diferencial é a agilidade no atendimento, pois não há a necessidade de esperar que o atendimento seja feito em um centro especializado, portanto, diminui a possibilidade de longas filas de espera. "O atendimento pode ser feito no posto de saúde mesmo, e a geração do laudo também", diz.

Sistema remoto

De acordo com Cunha, outra facilidade proporcionada pelo sistema é que tanto os usuários, quanto os funcionários estão remotos. "Não temos um local específico, é tudo distribuído via esse sistema", diz, acrescentando que, desde que haja conexão de internet, o especialista pode estar em qualquer lugar para fazer o laudo de um exame.

Outro destaque citado pelo coordenador de TI é o projeto de atendimento às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Segundo ele, quando chega a uma UPA o paciente que está tendo um infarto, por exemplo, é submetido a um eletrocardiograma, que é enviado para a Central de Telessaúde. Uma vez identificado o problema do paciente, é acionada a unidade coronariana. "Abrimos todas as portas para que esse paciente seja transferido para a unidade o mais rápido possível", conta.

Cunha conta que, antes da implantação desse processo, a mortalidade por infarto do miocárdio em BH era de 12%.  "Depois, conseguimos baixar esse índice para 7%", afirma. "Conseguimos ter um ganho em números de pacientes que conseguiram ter uma sobrevida por causa da agilidade no atendimento, por conta da aplicação dessa tecnologia."

A aplicação foi desenvolvida pelo próprio departamento interno do Centro de Telessaúde. Segundo Cunha, o retorno do investimento já pôde ser percebido. "O custo para o envio de um paciente é de R$ 80, enquanto que o custo do nosso atendimento gira em torno de R$ 10. Temos uma pesquisa que mostra a efetividade do nosso atendimento. Nem todos os atendimentos evitam o encaminhamento do paciente, mas descobrimos que 80% do nosso atendimento evitam encaminhamentos."

O investimento total no projeto de telessaaúde da Rede de Teleassintência de Minas Gerais foi de R$ 16 milhões. “Mas o retorno do investimento, medido pela redução de custos, foi de R$ 52 milhões. Também teve um impacto na qualidade e na velocidade do atendimento, e nos custos", afirma Cunha.

Atualmente, o Centro de Telessaúde do HC da UFMG desenvolve dois projetos de pesquisa: um financiado pela Finep e outro pelo CNPq, ambos previstos para serem concluídos em 2013. O objetivo é o aprimoramento dos software e sistemas já existentes. Segundo Cunha, a meta com esses projetos "é fazer a inserção da tecnologia móvel de uma forma mais densa". "Esses sistemas que estamos desenvolvendo são mais voltados para o monitoramento, o que é mais viável com a tecnologia móvel", explica.

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