Principal fornecedora da Apple, a Foxconn, conhecida por seus métodos quase militares para lidar com os trabalhadores, decidiu demitir os operários que ameaçam cometer suicídio, devido às condições extremas de trabalho, de acordo com um jornal chinês. Um operário de 27 anos, chamado Zhang, alega que foi cortado da equipe após colegas notarem que ele estava ingerindo remédios para dormir. Conforme seu relato ao Southern Metropolis Daily, traduzido pelo site de tecnologia Quartz, ele tomava pílulas para conter a insônia, mas foi mal interpretado por um amigo — este fez a companhia levar Zhang até um hospital local por achar que ele estaria tentando cometer suicídio por overdose de comprimidos. No dia seguinte, Zhang foi desligado da companhia.
Procurada pelo jornal, a Foxconn não quis comentar o episódio. Na semana passada, a companhia se viu obrigada a negar relatos publicados no Sina Weibo, microblog equivalente ao Twitter na China, dizendo que mais funcionários estavam tentando se matar. Nos últimos dois anos, mais de dez funcionários se jogaram de um prédio em uma das unidades. No ano passado, diversos empregados chegaram a ameaçar um suicídio coletivo nas instalações devido a rotinas extenuantes de trabalho.
Devido a essas denúncias, a Foxconn vem sendo alvo de constantes auditorias, inclusive promovidas pela Apple, que contratou a Fair Labor Association (FLA) para realizar auditorias nas fábricas. Embora a FLA tenha reconhecido melhorias nas condições internas, outra ONG, a China Labor Watch, divulgou em setembro do ano passado um relatório com denúncias envolvendo a empresa, que vão desde a ausência de quantidade apropriada de horas para descanso até contratações de crianças menores de 14 anos para realização dos trabalhos.