Cisco concentrará foco no Brasil para avançar na América Latina

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As incertezas econômicas na Europa e nos Estados Unidos levou a Cisco a eleger a América Latina como motor de crescimento da empresa, tendo o Brasil como carro-chefe, onde vai investir mais de R$ 1 bilhão nos próximos quatro anos para a montagem de um centro de inovação no Rio de Janeiro, ampliação da produção local de sua linha de produtos e o fechamento de acordos de produção e registro de propriedade no país. “A América Latina é um mercado com muitas oportunidades”, ressalta o presidente da companhia para a região, Jordi Bortifoll.

Uma prova da crença no potencial da região, segundo ele, é que a Cisco possui mais de 30 mil profissionais na América Latina — 6,3 mil dos quais por meio de seus parceiros de negócios —, além de cerca de 25 escritórios. “Há um crescimento muito rápido na região no uso da internet, do tráfego de dados móveis e de vídeo, além do fenômeno conhecido pela sigla BYOD [bring your own device, ou traga seu próprio dispositivo] e da computação em nuvem”, enfatizou Bortifoll, acrescentando que, por essas razões, a empresa continuará investindo em manufatura, inovação, educação, rede de parceiros e em capital de risco na região.

Nesse sentido, as três principais áreas de atuação da fabricante de equipamentos de redes no mercado latino-americano nos próximos anos serão mobilidade, big data e computação em nuvem, elencou Bortifoll durante o Cisco Live, evento promovido pela empresa voltado às áreas de educação e treinamento nos segmentos de rede, TI e comunicações, realizado esta semana em Cancún, no México.

De acordo com estudo da Cisco, o número de dispositivos conectados à internet no mundo em 2016 chegará a 19 bilhões, sendo que na América Latina serão 1,6 bilhão. A estimativa é cada pessoa tenha três dispositivos conectados e em 2020 o número mundial chegue a 50 bilhões. A análise prevê também o avanço do big data. A projeção é que, em 2016, o tráfego global de dados alcance 1,3 zetabyte por ano, sendo que na América Latina o crescimento será de sete vezes na comparação com 2011. Em 2015, a expectativa é que mais da metade dos dados no mundo serão trafegados por meio de dispositivos sem fio, e o vídeo será responsável por dois terços da navegação móvel, quadruplicando o tráfego da internet até 2014. Em relação à computação em nuvem, a companhia estima que o tráfego aumentará 12 vezes entre 2010 e 2015.

Estratégias e oportunidades

O Brasil, hoje, é um dos dez países que mais contribuem para a receita global da companhia, onde ela tem mais de 6 mil empregados. E um dos problemas enfrentados pela Cisco é justamente escassez de profissionais qualificados. “Devido ao seu grande crescimento, é necessário que o Brasil tenha mais profissionais especializados em tecnologia, do contrário, isso poderá atrapalhar seu desenvolvimento”, diz Bortifoll. Por isso, a empresa aposta em seu programa Cisco Networking Academy, que contabiliza mais de 25 mil estudantes, em mais de 250 instituições de ensino, públicas e privadas, espalhadas pelo país. Em toda a América Latina, o programa possui mais de 210 mil estudantes, em 1,3 mil instituições de ensino.

O diretor de arquiteturas para a América Latina da Cisco, Carlos Torales, destaca o Brasil como o maior mercado de tecnologia na região, no qual, segundo ele, houve uma forte expansão nas vendas no ano passado, em todas as linhas do portfólio da empresa. “No segmento de servidores houve um crescimento de 250%, no de ferramentas de colaboração a alta foi de 25% e no de mobilidade, as taxas foram superiores a 75%. Isso mostra que estamos ganhando participação de mercado no país”, disse, enfatizando que a maior demanda continua sendo por ferramentas de colaboração, já que 80% das grandes empresas apontam a necessidade de que seus funcionários colaborem da melhor forma para alcançar os objetivos do negócio. “É o grande fator de crescimento de produtividade. Mas, antes apenas as grandes corporações adotavam essas soluções, e agora companhias pequenas e médias também utilizam.”

Apesar do fenômeno BYOD também estar entre as principais tendências de mercado, no Brasil a adoção se diferencia de outras regiões do mundo. O gerente de desenvolvimento de negócios de segurança para a América Latina, Ghassan Dreibi Junior, explica que no país os funcionários levarão seus dispositivos para o trabalho, mas receberão mais um da empresa, o que gera múltiplos dispositivos. “A empresa deve fornecer algo para o funcionário e não necessariamente um PC. Com a virtualização de desktop, as empresas não oferecem um equipamento fixo. Então o funcionário utiliza o equipamento da empresa e o seu pessoal.” O executivo ressalta que, por conta disso, o nível de segurança deve ser alto, com investimento acima de dois dígitos mês a mês.

Entre as principais verticais de negócio da Cisco hoje no país estão as áreas de finanças, energia, manufatura, educação, segurança pública e saúde. De acordo com o diretor de vendas de mercados verticais para a América Latina, Luis Rego, saúde ainda é um segmento novo no qual a Cisco está iniciando no Brasil e que irá desenvolver mais, o que será possível com o centro de inovação do Rio de Janeiro, que simulará a melhoria de processos com o uso da tecnologia da Cisco em diversas verticais, incluindo saúde. “Teremos um ambiente também para área de educação, energia, entretenimento com foco na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016, entre outros”, destacou Rego. A previsão é que o centro de inovação entre em operação no primeiro semestre do ano que vem.

* A jornalista viajou a Cancún a convite da empresa.

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