O mercado está repleto de casos de empresas pioneiras e líderes que foram superadas por concorrentes que não apenas copiaram seus produtos, mas tornaram-se mais eficientes, oferecendo produtos equivalentes (ou melhores), por preços mais acessíveis.
Entre os casos emblemáticos de copycats, estão nomes como Yamaha (superando a tradicionalíssima Stainway & Sons no mercado de pianos) e Goldwind (superando as gigantes GE e Siemens no mercado de turbinas eólicas).
Mas há também empresas que parecem imunes a concorrência e mantém-se prósperas em seus mercados. Dentre alguns nomes conhecidos estão WeChat (mídia social), Recruit (plataforma digital) e Novartis (química e farmacêutica)
O que diferencia essas duas "espécies" de empresas? Para responder esta pergunta precisamos entender como o conhecimento tecnológico sobre um produto evolui e amadurece.
Em um primeiro estágio, quando uma inovação é criada, o conhecimento é "artesanal". Um pequeno grupo de pessoas domina a tecnologia aplicada e disponibiliza o produto ao mercado.
Num segundo estágio o conhecimento acerca do produto precisa ser "codificado" de forma que outras pessoas (e não apenas aquele pequeno grupo de experts) possam colaborar, para viabilizar a oferta em massa do produto e atender a crescente demanda de mercado.
Finalmente, no terceiro estágio, o conhecimento é "automatizado" e processos sistematizados passam a administrar a operação do negócio, favorecendo a disponibilização do produto em larga escala.
Esta evolução do conhecimento tecnológico é inerente a inovação e implica que qualquer vantagem competitiva é transiente.
À medida em que o conhecimento de uma tecnologia amadurece, os copycats ganham acesso e avançam. E como muitas vezes estes desafiantes possuem estruturas de menor custo, sem o peso de legados, eles exercem forte pressão competitiva sobre os players dominantes do mercado.
As empresas que se mantem prósperas e imunes aos copycats são aquelas capazes de empreender esforços em duas frentes:
*Evoluir eficazmente através dos três estágios de conhecimento no domínio e na aplicação das tecnologias usadas no produto;
*Promover a transição para uma nova disciplina de conhecimento, tão logo outras tecnologias demonstrem potencial para promover a evolução do negócio
Assim, enquanto os copycats avançam pelos estágios do conhecimento da tecnologia atual, ainda que sejam bem-sucedidos, encontrarão os players dominantes com outra inovação a caminho, com base em novas tecnologias, e o jogo do mercado volta a favorecer os inovadores.
Mas se a evolução tecnológica é inerente a qualquer negócio e a necessidade de promover novas disciplinas de conhecimento é tão fundamental para preservar a prosperidade das empresas, por que isso é ainda um desafio para a maioria das organizações?
A principal razão é que os executivos das empresas dominantes são confrontados com o dilema de escolher entre a segurança da lucratividade de curto prazo do produto atual e a incerteza da prosperidade futura da inovação.
Com isso, a maior vantagem dos players dominantes torna-se seu grande obstáculo. O sucesso de um produto, doravante inovador, leva a um receio de inovar, pois a nova tecnologia pode comprometer o, agora, seguro e lucrativo negócio atual.
Uma transformação organizacional é necessária para adaptar as empresas a uma realidade de concorrência cada vez mais intensa e prepara-las para que sejam elas a determinar o momento da transição para a próxima grande ideia.
Para isso é importante agir enquanto o tempo ainda favorece os players dominantes. Ser bem-sucedido não significa necessariamente ser o primeiro a mover-se, mas sim o primeiro a fazê-lo corretamente.
Igor Ramos Rocha, consultor de empresas em Tecnologia.