Foxconn enfrenta nova greve na China

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Mesmo depois de diversas vistorias realizadas na empresa no ano passado, as más condições de trabalho, ao que tudo indica, continuam a afetar os operários da Foxconn, fabricante chinesa de produtos eletrônicos em regime de terceirização e principal fornecedora da Apple. Desta vez, conforme admitiu a Hon Hai Indústria de Precisão, divisão da Foxconn International Holdings (FIH), a fábrica de uma de suas fornecedoras na China está passando por "problemas no ambiente de trabalho", após relatos do desencadeamento de uma greve.

De acordo com The Wall Street Journal, a companhia disse em comunicado no último domingo, 13, que a questão envolve a fornecedora Jiangxi Xin Hai Yang Componentes de Precisão, localizada na cidade FengCheng. “Nós pedimos aos gestores desta empresa para trabalhar com seus empregados e representantes do governo local para resolver o problema, garantindo o cumprimento de elevados padrões de trabalho e condições de vida que esperamos de qualquer empresa associada a nossa companhia", disse a Hon Hai.

A declaração foi emitida após relatórios de dois grupos de trabalho sobre a greve, motivada por baixos salários e condições precárias de trabalho. A China Labor Watch, organização não governamental que atua na área trabalhista, sediada em Nova York, disse que 200 trabalhadores do turno da noite começaram a greve na noite de quinta-feira, 10, e os empregados do turno do dia juntaram-se ao movimento na sexta-feira, 11, ameaçando não voltar para a fábrica depois do Ano Novo Lunar, em fevereiro, quando muitos funcionários viajam para casa para visitar a família.

De acordo com o site do governo da cidade de Fengcheng, a Xin Hai emprega mais de 5,5 mil trabalhadores e a empresa fabrica equipamentos para computadores, impressoras, telefones celulares e servidores, com uma receita de US$ 76 milhões em exportações no ano passado.

Há um ano, reportagem do New York Times expôs condições extenuantes de trabalho dentro da Foxconn e seus fornecedores. Além disso, o presidente e dono da Foxconn, Terry Gou, comparou os empregados da empresa a animais durante evento em um zoológico de Taipei, na China, declarando as dificuldades da companhia em administrar uma força de trabalho de mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo. "Seres humanos também são animais, e gerenciar 1 milhão de animais me dá dores de cabeça", disse.

Após os constantes relatos de jornadas abusivas e condições de trabalho inadequadas, a fabricante passou por uma vistoria em três fábricas, feita pela Fair Labor Association (FLA), ONG internacional de proteção ao trabalhador, que detectou inúmeras infrações e determinou que a Foxconn modificasse as condições de trabalho. Meses depois, a FLA reconheceu o cumprimento de 284 recomendações feitas à fabricante chinesa, incluindo aumento de salários e limites de horário de trabalho coerentes com a legislação chinesa, mas traçou 76 ações adicionais que devem ser adotadas até julho deste ano.

Ainda assim, a companhia continua se envolvendo em escândalos. Além de ter admitido contratação de menores de 16 anos de idade em uma de suas fábricas no ano passado, a companhia está sendo investigada por suborno envolvendo fornecedores e funcionários da empresa.

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