A família que controla o conglomerado Samsung obteve uma grande vitória nesta sexta-feira, 17, numa disputa histórica com acionistas e investidores ativistas, ao conseguir aprovar a compra da Samsung C&T por sua coirmã Cheil Industries, holding da Samsung, em uma operação avaliada em mais de US$ 8 bilhões. A operação consolida o domínio da nova geração da família, particularmente do herdeiro Lee Jae-yong, sobre o grupo sul-coreano.
Com a margem necessária de dois terços dos votos para a aprovação, 69,53% dos acionistas, pouco mais do que o necessário, os controladores derrotaram o fundo de hedge norte-americano Elliott Associates, que detém 7,1% dos papéis da Samsung C&T, que era contra o acordo, alegando que ele subestima o valor da empresa. Mas, a margem apertada com que venceu a disputa não vai aliviar a pressão sobre os controladores, que enfrentam crescentes cobranças de acionistas, segundo analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal.
A incorporação da Samsung C&T, braço da companhia na área de construção e comércio, pela Cheil Industries dará à família Lee uma participação de 16,5% na empresa resultante da fusão, o que lhe garante o controle sobre da Samsung C&T — a nova companhia manterá esse nome —, que terá 4,1% de participação (US$ 6,7 bilhões) na Samsung Electronics, maior fabricante de smartphones do mundo em remessas de aparelhos.
Especula-se no mercado que Lee Jae-yong e suas duas irmãs, herdeiros de seu pai doente, presidente da Samsung, Lee Kun-hee, estão procurando aumentar a influência sobre a Samsung Electronics. O patriarca, que tem 73 anos e está hospitalizado desde o ano passado por causa de um ataque cardíaco, detém uma participação de 3,4% no Samsung Electronics.
"A Elliott está desapontada porque a aquisição parece ter sido aprovada contra a vontade de muitos acionistas e reservas quanto às opções disponíveis", disse o fundo de hedge em comunicado após a votação. Analistas acreditam que, se Elliott Associates não conseguir anular a fusão na Justiça, como é de se esperar que tente fazer, o foco do fundo deve se voltar rapidamente para a empresa de autsourcing de TI, a Samsung SDS Co., outra coligada do grupo na qual a família Lee detém 11% de participação.
Analistas e investidores há muito tempo especulam que Lee Kun-hee acabaria por fundir a Samsung SDS à Samsung Electronics, o que aumentaria ainda mais sua participação na Samsung Electronics. As ações da Samsung SDS estão em queda nesta sexta-feira, depois de subirem 9,4% na quinta-feira, 16. Procurada pelo jornal americano, a Samsung Electronics negou que tenha planos de fazer essa fusão.