A novela da BlackBerry está próxima de um desfecho. A fabricante anunciou nesta segunda-feira, 23, que assinou carta de intenção para ser comprada por US$ 9 por ação, numa operação que avalia a empresa em US$ 4,7 bilhões. A oferta foi feita por um consórcio liderado pela Fairfax Financial, que detém cerca de 10% das ações da Blackberry. A proposta ainda depende de aprovação de órgãos reguladores e dos resultados da due diligence (auditoria econômico-financeira, fiscal, legal e trabalhista) das contas da empresa. A auditoria deverá ser concluída até o mês de novembro. O objetivo é negociar um contrato definitivo da operação até este prazo. Durante esse período, a companhia de celular poderá solicitar, receber, avaliar e, potencialmente, entrar em negociação com outras empresas.
O conselho de administração da BlackBerry, sob recomendação de um comitê especial, aprovou os termos propostos pelo consórcio, o qual busca financiamento do Bofa Merril Lynch e BMO Capital Markets. Após a compra, a Fairfax deve fechar o capital da empresa, com base em algumas condições, incluindo as negociações e execuções de investigações internas pendentes.
A Fairfax é a maior acionista da empresa e deverá usar essa participação na transação. A companhia é comandada pelo CEO Prem Watsa, que já havia decidido sair do comitê de diretores no começo de agosto, quando a fabricante declarou oficialmente a intenção de venda. Em comunicado, Watsa afirmou que acredita "que a transação vai abrir um novo e empolgante capítulo para a BlackBerry, seus consumidores, operadoras e funcionários". O executivo também garantiu que pode entregar "valor imediato aos acionistas, enquanto continuamos a execução da estratégia de longo prazo em uma companhia fechada com o foco em entregar soluções corporativas de segurança superiores".
No comunicado ao mercado, a presidente do comitê de diretores da BlackBerry, Barbara Stymiest, disse que o grupo está "buscando a melhor saída disponível para os constituintes da companhia, incluindo os acionistas". Ela ressalta também que o processo de go-shop (que permite à empresa avaliar outras ofertas no mercado) provê à BlackBerry "oportunidade para determinar se há alternativas superiores à proposta atual do consórcio Fairfax".
Se a BlackBerry mudar de ideia durante o período da intenção de oferta, já que ela ainda pode receber propostas de outros interessados, terá de pagar uma taxa de US$ 0,30 por ação para a Fairfax. Entretanto, a multa será desconsiderada se o preço por ação ficar abaixo dos US$ 9 por papel sem a aprovação do comitê de diretores da companhia. Caso um acordo definitivo seja assinado com a Fairfax, a taxa sobe para mais US$ 0,50 por ação. O comitê especial da BlackBerry conta com a análise da J.P. Morgan e de Perella Weinberg como conselheiros financeiros.
A notícia causou forte oscilação nas ações da BlackBerry na Nasdaq. Os papéis chegaram a ser cotados a US$ 9,20, mas por volta das 16h (horário de Brasília) estavam cotados a US$ 8,81, alta de 0,97%. A reação é positiva comparada com a expressiva queda de 17,06% registrada na última sexta-feira, 20, após a empresa anunciar que espera prejuízo recorde de quase US$ 1 bilhão no segundo trimestre do ano fiscal de 2014.
Na semana passada, fontes consultadas pelo The Wall Street Journal afirmaram que a empresa de celular poderá demitir cerca de 4,5 mil empregados até o fim deste ano, 40% do quadro de pessoal.