Uma nova pesquisa da Capgemini revela que as tecnologias imersivas oferecem mais eficiência, produtividade e segurança as empresas e que a realidade aumentada, mais do que a totalmente virtual, abre caminho nas operações de negócios
Um novo estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Capgemini revelou que as empresas já estão utilizando tecnologias de RA (realidade aumentada) e de RV (realidade virtual) para melhorar suas operações de negócios.
O relatório "Augmented and Virtual Reality in Operations: a Guide for Investiments" (em tradução livre, "Realidades Aumentada e Virtual em Operações: Um Guia para Investimentos") descobriu que 82% das empresas que já implementaram RA/RV dizem que os benefícios estão atendendo ou excedendo suas expectativas. No entanto, a falta de experiência interna e de infraestruturas de back-end insuficientes são barreiras significativas ao crescimento.
O novo estudo, que contou com entrevistas de mais de 700 executivos dos setores automotivo, de manufatura e bens de serviços, com considerável conhecimento das iniciativas de RA/RV em suas organizações, apurou que 50% das empresas que ainda não as implementaram começarão a explorar tecnologias imersivas para suas operações de negócios nos próximos 3 anos.
Isso inclui o uso de Realidade Aumentada para acesso a assistência remota, em tempo real, de especialistas em dispositivos vestíveis ou portáteis e da Realidade Virtual para treinar funcionários. Cerca de 46% das empresas acreditam que as tecnologias se tornarão mainstream em suas organizações nos próximos 3 anos, enquanto outros 38% prevêem que ela será predominante em seus negócios nos próximos 5 anos.
O estudo também revelou que, embora a Realidade Aumentada seja mais complexa de ser implementada, as organizações a percebem como mais benefícios do que a Realidade Virtual. Companhias que já utilizam RA relataram aumentos de 25% na eficiência e de 23% na produtividade, graças aos fluxos de trabalho simplificados, por meio dos quais a RA permite acesso sem intervenção manual às instruções durante a execução de tarefas manuais.
Organizações que empregam RV também experimentaram aumentos de eficiência (15%) e de segurança (15%), utilizando-a para treinar sua força de trabalho em experiências imersivas, no lugar de ambientes de alto risco. A pesquisa também sugere que, como a tecnologia imersiva inserida nas operações da empresa não depende das diversas necessidades dos clientes, mas do foco em metas de negócio bem definidas, o potencial para sua adoção e inovação aumentará significativamente nos próximos 12 a 18 meses.
O relatório constatou que, nos setores automotivo, de manufatura e bens de serviços, os usos mais populares de RA e RV são reparo e manutenção, além de design e montagem. Algo entre 29% e 31% das empresas que utilizam Realidade Aumentada e/ou Virtual as estão empregando para reparo e manutenção, especificamente para consultar materiais de referência digital (31%), procurar um especialista remoto (30%), visualizar digitalmente os componentes em uma visão não física (30%) e sobrepor instruções passo a passo nas estações de trabalho (29%).
Para projeto e montagem, as companhias usuárias de Realidade Aumentada e/ou Virtual as estão empregando para exibir instruções de montagem digital (28%) e simular o desempenho do produto em condições extremas (27%), além de visualizar infraestruturas de vários ângulos (27%), assim como para sobrepor componentes de design em módulos existentes (26%).
A Ford, por exemplo, usa a tecnologia de Realidade Virtual para identificar e, depois, projetar ações alternativas a partir da captura por meio de sensores de movimento do corpo durante a montagem, o que resultou em uma queda de 70% nas lesões de funcionários e na redução de 90% em problemas ergonômicos.
RA é mais relevante e implementada mais amplamente do que RV
O relatório revelou que dois terços de todas as organizações pesquisadas acreditam que a Realidade Aumentada é mais aplicável às suas operações de negócios do que a Realidade Virtual.
Embora tenha descoberto que a RV aprimora uma experiência de usuário individual e envolvente, que é isolada do mundo real, a RA conecta o mundo digital ao mundo real e, portanto, suporta diversos casos de uso inovadores. Entre as empresas que já utilizam RA, 45% afirmaram estar implementando ativamente a tecnologia em comparação com apenas 36% das empresas que usam RV.
De acordo com o relatório, as empresas nos Estados Unidos e na China lideram o processo de implementação, com mais de 50% das companhias pesquisadas afirmando já terem implementado tecnologias imersivas para operações de negócios. Enquanto isso, mais de 50% das corporações na França, na Alemanha, nos países nórdicos e no Reino Unido ainda estão apenas experimentando iniciativas de RA/RV.
Quatro estratégias principais para expandir as iniciativas de RA/RV
O relatório identificou um grupo de "investidores precursores" que estão extraindo o benefício máximo de suas iniciativas tecnológicas imersivas. Representando 16% do total de companhias entrevistadas, essas organizações estão se concentrando em quatro estratégias principais para expandir suas iniciativas de RA/RV:
1. Colocar em prática um modelo de governança centralizada e criar conscientização sobre RA/RV: 78% dos "investidores precursores" possuem equipes dedicadas ou dispõem de centros de inovação para gerenciar as atividades gerais de RA/RV da organização, em comparação com apenas 51% de outras empresas;
2. Investir na atualização de talentos, preparando-os para adoção futura: 93% dos "investidores precursores" estão investindo pesadamente em equipes internas de especialistas em Agile, em comparação com apenas 76% do restante das companhias entrevistadas;
3. Focar em casos de uso corretos, que fornecem valor duradouro e dão suporte aos funcionários: encontrar o caso de uso adequado e testar sua aplicabilidade é uma das três principais prioridades para os "investidores precursores", enquanto, atualmente, a incapacidade de identificar um caso de uso é um desafio para mais de 50% das organizações.
4. Preparar a infraestrutura tecnológica para integrar Realidades Aumentada e Virtual: O relatório constatou que a falta de disponibilidade de dados e tecnologia são as principais barreiras para a adoção de RA e RV. Para as organizações, a principal necessidade do momento é garantir uma integração suave de Realidades Aumentada e Virtual com suas tecnologias atuais e legadas, bem como com a sua cultura.