Para ser competitivo no setor de eletroeletrônicos e não perder espaço para outros países, como os do leste Asiático, o Brasil precisa de uma política de estímulo à produção local, principalmente de semicondutores. Caso contrário, o país continuará a perder competitividade e espaço no cenário mundial.
A afirmação foi feita nesta segunda-feira, 1º, pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, durante a Abinee Tec 2009, evento da indústria elétrica e eletrônica que acontece até o dia 5 de junho, em São Paulo. "Esse processo poderá levar o Brasil à desindustrialização", afirmou.
Segundo ele, desde o início dos anos 90, num verdadeiro processo predatório, as indústrias do setor eletrônico do Brasil vêm perdendo competitividade no mercado internacional e, mais recentemente, também no mercado nacional. "Para mudar esse cenário, precisamos de uma indústria capaz de produzir com elevado valor agregado local e mais competitiva internacionalmente, o que passa, em grande parte, pelo desenvolvimento de uma indústria de componentes, em especial de semicondutores", avaliou Barbato.
O presidente da Abinee observou que apenas com essa mudança e início de uma produção local de semicondutores, o Brasil será capaz de evitar o déficit na balança comercial que a indústria eletroeletrônica do país vem enfrentando nos últimos anos. Ele lembrou que enquanto as exportações diminuíram sua participação no faturamento do setor de 22,9% em 2002 para 14,8% em 2008, as importações subiram num ritmo galopante. Com isso, o déficit do setor saltou de US$ 6 bilhões, em 2002, para US$ 22 bilhões. "Ou seja, em seis anos, o déficit quase quadriplicou e teria sido ainda maior se o mundo não tivesse mergulhado na atual crise, em setembro do ano passado", argumentou Barbato.
Segundo ele, apenas com a produção local de semicondutores o setor eletroeletrônico conseguirá reverter esse déficit e atingir sua meta de aumentar sua participação no PIB brasileiro de 4,3%, em 2008, para 7%, em 2020.
O dados são de estudo da LCA Consultores, que entre as propostas para viabilizar a instalações de novas unidades fabris no Brasil sugere a troca do Processo Produtivo Básico (PPB) pelo Processo Produtivo Avançado (PPA). Outra proposta é a criação do Plano de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Componentes (Padic), que seria uma extensão do plano de apoio à indústria semicondutores do governo Lula, com os mesmos benefícios fiscais deste, isenção das taxas do Imposto sobre Produto Importado (IPI), PIS, PASEP, COFINS, e do imposto de renda pessoa jurídica. Como contrapartida, as empresas seriam obrigadas a investir 2% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Com isso, a meta é que o setor de semicondutor passe dos atuais 0,3% do PIB, para 1,1% em 11 anos.
- Setor eletroeletrônico
