Data Steward é tendência profissional

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Em todo o mundo, os dados das organizações são, cada vez mais, tratados como ativo importante, situando-se logo após o imprescindível conhecimento de seus colaboradores. Para estas organizações os dados são considerados fluídos vitais que circulam por todos os processos, projetos, reuniões, produtos, serviços, ERP, SCM, GED, etc. Ou seja, em tudo que existe em uma organização – e não importa o tamanho, nem também a duração, e muito menos a complexidade – os dados estão presentes.
Embora Tecnologia da Informação seja uma das áreas que mais apresenta inovação, uma coisa é certa: os dados não se autogerenciam e, por isso, geram a necessidade de um profissional responsável pelo seu uso estratégico.
Surge, assim, a figura do Data Steward – e, é sempre útil informar que este termo significa Gerente Estratégico de Dados, antes que os mais desavisados pensem que Data Steward significa literalmente mordomo de dados. Para alguns, como mesmo a definição no bom e velho Português talvez não ajude, vamos às explicações e aos detalhamentos.
Esse profissional surge em resposta ao cenário descrito acima e necessita ter já desenvolvidas algumas capacitações e potencialidades para que represente os interesses dos produtores e dos consumidores de dados; seja o curador dos dados; represente os interesses da organização quando o assunto for dados; seja responsável pela qualidade e pelo uso dos dados; saiba investir na preparação e no nivelamento dos recursos de dados sob sua responsabilidade; tenha certeza de que os recursos de dados estão de acordo com as necessidades do negócio, garantindo a qualidade dos dados e os seus metadados; trabalhe em parceria com os profissionais de gerenciamento de dados e, deste modo, funcione como elemento condutor das necessidades de dados da área de negócios junto à TI. A garantia é a de que com este personagem não teremos tantos dados desgovernados nas empresas, muitos indo parar em locais indevidos.
Com esta definição feita, podemos avançar na reflexão. Em muitas organizações um conjunto amplo de políticas, regras, normas e procedimentos estão funcionando a todo vapor, sob um guarda-chuva chamado Governança de Dados. Portanto, neste caso, o curador a que nos referimos é, de fato, um governador de dados. Este profissional (ou área) acaba sendo responsável por chancelar tudo o que é referente a dados na organização, sempre em busca de respostas para as seguintes questões: O que os dados significam? Quais são as fontes de dados? Quais são os valores válidos? Quais são as fórmulas utilizadas para calcular os dados? Quais são as regras do negócio? Quais são as regras técnicas? E, para tanto, esse profissional terá de definir as entidades do negócio; os modelos lógicos e conceituais; os relacionamentos lógicos de entidades e o nome de elementos, definições, domínios; as tabelas físicas de dados e os nomes de atributos, definições e domínios.
A preocupação com a utilização dos dados ultrapassou as empresas e as instituições que geram e administram essas informações. Prova é que, recentemente, aconteceu um debate público sobre dados pessoais (http://culturadigital.br/dadospessoais/), com a finalidade de dar subsídios para que o Congresso Nacional vote um projeto de lei sobre o tema. Tudo indica que, se este projeto realmente for tratado no Congresso Nacional, a função do governador de dados será obrigatória dentro das organizações. O fato de existir um governador não indica a solução para todos os males e problemas relacionados a dados enfrentados pelas organizações, mas certamente a governança corporativa passa a ter mais um elemento de peso no combate a erros e fraudes.
A governança de dados que está sendo buscada no Brasil já é adotada por diversas organizações nos Estados Unidos e na Europa, locais onde o nível de maturidade das organizações é muito superior ao do Brasil. De qualquer modo, em nosso país, já é possível encontrar a figura do governador de dados com o título Gerente Sênior de Governança de Dados em uma instituição financeira de grande porte. Se esta organização está investindo em governança de dados, significa que bons resultados estão sendo gerados e mensurados.
Em nosso país, devido ao baixo nível de maturidade em várias áreas, pode demorar um pouco para o Data Steward aparecer nas organizações, mas quando isto ocorrer certamente as organizações aumentarão os ganhos e obterão vantagem competitiva.
A importância do assunto no âmbito internacional levou à criação da Data Management Association (DAMA), que é a responsável mundial pela disseminação das melhores práticas em governança de dados. Aqui, o assunto ainda é novidade, mas a DAMA antecipou-se e já conta com seu Capítulo Brasil.

Rossano Soares Tavares é doutorando em Business Administration pela University of Management & Technology, trabalha com gerenciamento de dados há mais de 20 anos, é professor em curso de pós-graduação, pesquisador do CNPq e presidente do Capítulo Brasil da DAMA.

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