Apostando na tecnologia antes só presente no comércio eletrônico, o ex-diretor de Marketing e Tecnologia da Cnova Vicente Rezende se juntou ao empresário paulistano Walter Sabini Júnior na sociedade da FX Retail Analytics. A startup tem o objetivo de levar a expertise do comércio eletrônico para o varejo físico e transformar o conhecimento de métricas e dados do comércio eletrônico em ganho de eficiência para o mundo off-line.
Especializada em inteligência para o varejo físico, a empresa nasceu em 2015 com o objetivo de oferecer informações detalhadas sobre o comportamento do consumidor. Liderado por Sabini Júnior, empresário e empreendedor do ramo de tecnologia, a FX Retail Analytics recebeu investimento de R$ 8,5 milhões para trazer essa inovação ao varejo tradicional. O total investido foi direcionado para criar as soluções de análise de fluxo de passagem, de quantidade de visitas, de taxa de conversão, além da taxa de atratividade, da distribuição do fluxo e da taxa de produtividade das equipes de vendas.
A empresa é a parceira oficial da Abrasce, entidade que representa o setor de shopping centers no País, para a medição de fluxo de visitantes nos centros de compras.
Vicente Rezende possui mais de 16 anos de experiência no comércio eletrônico. Participou da criação primeira versão virtual da Americanas.com, em 1999, e esteve na integração que resultou na criação da B2W – grupo que controla além da Americanas.com, o Shoptime e o Submarino. Em 2009, assumiu um cargo de direção na Cnova, controladora das lojas virtuais da Casas Bahia, do Extra e do Ponto Frio. Após mais de seis anos, Rezende deixou o cargo e assumiu em junho a sociedade com Sabini Jr.
O executivo afirma que o varejo físico pode ter um ganho enorme de eficiência ao utilizar de forma inteligente dados e métricas de consumidores, principalmente em momento de crise. "80% do fluxo de consumidores em lojas não consome e nada é feito para diminuir esse número, uma vez que não há informações e entendimento sobre o perfil desse comprador", pontua Rezende. "Isso significa que existe um ganho de eficiência de operação enorme em trabalhar com conhecimento de fluxo de consumidor e de conversão", complementa.
Analytics no varejo físico
Para explorar esse mercado, o executivo espera implementar uma espécie de "Google Analytics" no varejo off-line. Por meio de um dispositivo com tecnologia própria conhecido como peek computer, o lojista consegue acesso a diversas informações. "Em um microcomputador conseguimos colocar câmera, Wi-Fi e Bluetooth, que traz uma visão computacional acurada de todo o fluxo da loja. Assim apresentamos um aplicativo mobile com vários insights, entre eles a taxa de atratividade e taxa de conversão, tudo em tempo real", explica.
Todas as informações coletadas são enviadas para o lojista, que acessa via plataforma online baseada em cloud. O objetivo da tecnologia é oferecer mais insights à gestão das lojas físicas por meio de relatórios detalhados. "O e-commerce é orientado por dados e agora vejo uma oportunidade gigantesca de trazer a expertise deste segmento para o varejo físico", afirma Rezende. "Nós temos uma oportunidade muito grande de trazer a visão que o e-commerce tem naturalmente para o varejo físico, utilizando captura de dados por múltiplos sensores", complementa.
Além de ser a parceira oficial da Abrasce, a FX Retail Analytics também já atua com grandes players do varejo, como Hering, Marisa e Fototica. "O mercado de fluxo é extremamente carente no Brasil e apenas 5% das lojas utilizam alguma solução específica para potencializar vendas a partir do movimento físico. Nos Estados Unidos, por exemplo, 90% dos players já fazem uso de tecnologia", comenta.