O Google irritou as autoridades europeias ao colocar em prática sua nova política de privacidade na última quinta-feira, 1º. O gigante das buscas ignorou as recomendações da Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, para adiar a medida até que sua validade legal fosse julgada. Para Viviane Reding, comissária de Justiça da União Europeia, a decisão do Google de atualizar seus sistemas com a nova política de privacidade foi "infeliz". Em entrevista ao Financial Times, ela confirmou ligações de órgãos reguladores franceses com pedidos para atrasar a implantação. A França havia expressado "fortes dúvidas sobre a legalidade e justiça" dos novos termos.
A grande questão em torno da política do Google é a integração dos serviços. Isso significa que o buscador poderá agrupar em seus diversos sites informações pessoais fornecidas por um usuário em uma única página. Assim, um usuário cadastrado na plataforma para blogs Blogger terá seus dados pessoais vinculados também à conta de e-mail e do YouTube, por exemplo.
Em resposta, o Google afirmou que está de acordo com as leis locais, inclusive da França. "As mudanças resultarão em uma melhor experiência aos usuários, que poderão utilizar mais informações para dar resultados de buscas mais focados." Em nota publicada em diversos sites europeus, a diretora de privacidade do Google, Alma Whitten, reforça que não há mudanças. "Não estamos coletando mais dados. Também não vamos vender dados [dos usuáriios] a anunciantes", garante.
O governo do Japão apoiou as determinações europeias e também expressou preocupação com a nova política de privacidade do Google. ONGs internacionais, como a Privacy International, também levantaram dúvidas sobre a rapidez com que as regras foram estabelecidas e praticadas. Além disso, autoridades dos Estados Unidos formalizaram sua preocupação, dois dias antes das novas regras entrarem em vigor, o que culminou numa carta de procuradores-gerais de 36 estados à empresa.