O Google não é e nem pretende ser uma empresa de infraestrutura, mas admite que vai se envolver cada vez mais nessa área para entender a dinâmica e desenvolver novos serviços. Em palestra no Mobile World Congress 2015, que acontece esta semana, em Barcelona, Sundar Pichai, vice-presidente executivo do Google e responsável pelo desenvolvimento de produtos do grupo, disse que iniciativas que envolvem infraestrutura, como o Google Fiber, o projeto de conectividade via balões estratosféricos ou aviões não tripulados, e mesmo o projeto de uma rede móvel nos EUA, serão sempre restritos a poucos e selecionados mercados.
"Queremos criar um backbone que pode ser usado por outros provedores para que eles coloquem os seus serviços", diz. Ele explica que com o Android, por exemplo, o Google tem um desenvolvimento muito próximo a fabricantes e operadores, e mesmo tendo uma atuação limitada na fabricação de handsets, o Google não optou por se tornar um player de hardware. "Mas a camada do hardware é uma que necessariamente precisamos estar envolvidos e entender".
Uma das preocupações do Google há alguns anos é como levar conectividade aos cerca de 4 bilhões de pessoas que não estão conectadas, e muitos dos projetos de infraestrutura, como o projeto Loon (de colocar base stations de celular em balões estratosféricos) buscam soluções para esses mercados. "Temos que testar e experimentar. Não queremos ser operadores de rede em escala e queremos ter parceiros em todos esses projetos, mas precisamos de provas em pequena escala para demonstrar e entender o que estamos fazendo".
Independência
Ele também comentou o movimento de fabricantes como Xiaomi e One+ de desenvolverem produtos de ponta, baseados em implementações bastante alteradas do Android, sem os produtos tipicamente oferecidos pelo Google, e focar justamente no mercado asiático, que tem grande potencial de crescimento. "Criamos o Android para isso, para que empresas diferentes pudessem inovar em cima, e algumas estão fazendo um grande trabalho, mas temos certeza que os usuários desses handsets vão buscar as aplicações Google, como Gmail, Youtube e PlayStore". Pichai comemorou o fato de que em 2014 mais de um bilhão de smartphones com Android foram vendidos. "Oito em cada 10 smartphones têm nosso sistema operacional, e isso é exatamente o que buscamos".
Sem dar detalhes, ele também confirmou que o Google está trabalhando no desenvolvimento de uma plataforma de pagamentos móveis que estará integrada ao sistema operacional Android, chamada de Android Pay, mas que permitirá diversas aplicações diferentes de pagamento, e não apenas o Google Wallet. "Teremos APIs para que vários desenvolvedores criem em cima da plataforma".
Em relação ao futuro, Pichai disse que a prioridade do Google é continuar como uma plataforma de informação. "O que está mudando é que agora, basicamente, temos bilhões de dispositivos com capacidade de processamento ligados a uma nuvem, e isso abre uma nova gama de possibilidade de produtos e serviços", disse ele.